SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A agência de classificação de risco Moody’s Ratings informou nesta quinta-feira (4) que retirou todas as classificações do Banco de Brasília (BRB) a pedido da própria instituição. A revisão acontece uma semana após a agência rebaixar a nota de crédito do banco para B3 em meio a uma avalanche de problemas desencadeados publicamente com o escândalo do Banco Master.
Segundo a agência, também foram retiradas as classificações de depósitos em moeda local e estrangeira de longo e curto prazo, que estavam ranqueadas em B3 e not prime, e as classificações de risco de contraparte em moeda local e estrangeira, que estavam classificadas em B2 e not prime.
Além disso, a agência retirou a avaliação de crédito base (BCA) e BCA ajustada, que também estavam em B3.
A Moody’s afirma em comunicado que as classificações e avaliações de longo prazo estavam em revisão para um possível rebaixamento.
Em nota, o BRB explicou que o contrato com a Moody’s previa avaliações nos âmbitos nacional e internacional. Como o banco não realiza captações no mercado internacional, após o vencimento do contrato, em setembro, foi mantida apenas a classificação nacional, organizada pela Moody’s Local.
Na semana passada tanto a Moody’s quanto a Fitch Ratings já haviam rebaixado as notas do BRB. No caso da Fitch, a nota caiu para CCC, o 17° grau entre 21 níveis de avaliação da entidade e que indica alto risco de inadimplência.
No caso do relatório da Moody’s publicado a uma semana, a agência demonstrou preocupações crescentes sobre as diretrizes e controles de gestão de risco do banco após suspeitas de fraude em aquisições de carteiras de crédito do Banco Master.
O caso em questão envolve a acusação de repasses ilegais de recursos do BRB ao Master por meio da compra de carteiras falsas de crédito, o que seria acobertado por meio da aquisição do banco privado pelo público. O Banco Central proibiu a concretização do negócio em setembro e decretou a liquidação do Master no último dia 18.
A tentativa de venda do Master marcou o início de uma série de investigações contra o empresário Daniel Vorcaro, dono do banco, que chegou a ser preso no âmbito da operação Compliance Zero, sob o argumento de risco de fuga do país, e solto 11 dias depois, após a Justiça acatar um pedido de habeas corpus da defesa do empresário.
O desenrolar da história levou ao afastamento e demissão de Paulo Henrique Costa, antigo presidente do BRB.
Sediado em Brasília, o BRB tem ativos de R$ 74,5 bilhões e patrimônio líquido de R$ 4 bilhões, segundo balanço até junho.



