BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os aliados do governo federal conseguiram barrar, nesta quinta-feira (4), a convocação de um dos filhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para depor na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga descontos irregulares em benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Também não foi aceita a convocação do advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado de Lula para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).
A convocação do filho de Lula foi barrada por 19 votos a 12. A de Messias, por 19 a 11. Como mostrou a Folha, os aliados do Planalto se reorganizaram depois de sofrerem derrotas no começo da CPI e começaram a dominar as votações.
O requerimento de convocação de Fábio Luiz Lula da Silva, conhecido no mundo político como Lulinha, cita supostos pagamentos de um dirigente petista que teria recebido dinheiro de empresa citada nas investigações do caso dos descontos ilegais e transferido ao contador de Fábio Luiz.
A reportagem tenta contato com representantes de Fábio Luiz Lula da Silva, mas não os localizou até a publicação deste texto.
“A convocação do sr. Fábio Luís Lula da Silva é necessária para esclarecer se tinha conhecimento das relações financeiras de seu contador com agentes diretamente envolvidos com a ADS [empresa citada nas investigações da CPI]”, diz o requerimento apresentado pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS).
Os requerimentos para convocação de Messias mencionavam que procuradores da AGU fizeram alertas ao órgão sobre queixas relacionadas a descontos em aposentadorias, além da nomeação de Virgílio Oliveira Filho, servidor do ministério, como procurador-geral do INSS. Virgílio é um dos investigados no caso dos descontos irregulares.
Messias corre o risco de ter a indicação ao Supremo rejeitada pelo Senado. Ele está em campanha para obter apoio de senadores. O desgaste político que um depoimento à CPI poderia causar atrapalharia a busca do indicado de Lula por apoio.
Na mesma reunião, a CPI convocou para prestar depoimento o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), adversário político de Lula. O requerimento, do deputado Rogério Correia (PT-MG), afirma que é necessário ouvir o governador por causa de operações de crédito consignado da empresa financeira de sua família.
A reportagem tentou contato com a assessoria de Zema para perguntar se ele gostaria de se manifestar, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.



