SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) de São Paulo realizaram um protesto no saguão da Secretaria Estadual de Políticas para Mulher do Governo de São Paulo, no Itaim Bibi, na manhã desta quinta-feira (4) em meio à repercussão de casos recentes de feminicídio.
De acordo com o movimento, a ação, que terminou por volta do meio-dia, teve como objetivo cobrar mais recursos em políticas de prevenção e enfrentamento a crimes de feminicídio que bateu recorde em outubro deste ano na capital paulista.
Os cartazes tinham críticas ao governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e à gestão Ricardo Nunes (MDB), com mensagens de que os gestores tinham “sangue nas mãos”. Também mostravam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e uma frase dita em 2014 à deputada Maria do Rosário (PT-RS). À época deputado federal, ele disse que não iria estuprar a parlamentar porque ela “não merecia”.
Também havia cartazes com a imagem do influenciador Thiago Schutz, conhecido como Calvo do Campari, preso em flagrante na última sexta-feira (28) sob suspeita de violência doméstica.
O ato cobrou medidas, além daquelas para enfrentamento, de prevenção à violência contra a mulher, com ações nas escolas e com a criação e o fortalecimento de grupos comunitários sobre o tema. Também pediu o funcionamento durante 24 h de todas as Delegacias de Defesa da Mulher (DDM) no estado. Representantes do movimento foram recebidas por uma comissão da secretaria.
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), da gestão Tarcísio, ações cobradas pelo movimento já são feitas, citando a criação da Secretaria de Políticas para Mulheres e o movimento SP por Todas. “Algumas medidas de destaque são o Protocolo Não se Cale, App Mulher Segura, Cabine Lilás, Casas da Mulher Paulista, tornozelamento eletrônico de agressores, auxílio-aluguel para mulheres vítimas de violência doméstica, entre outros.”
Também disse, em nota, que as salas DDMs 24 h nos plantões policiais somam 170 unidades, considerando todo o estado. “Houve 41,7% de aumento das medidas protetivas nas DDMs territoriais, online e salas 24h em 2024, em relação a 2023. Em 2025, entre janeiro e outubro, o aumento foi de 21,4% em comparação ao período anterior. ” Segundo a gestão, 473 policiais civis foram destinados às DDMs nos últimos três anos, e o aplicativo SP Mulher Segura, criado no ano passado, soma 34 mil boletins de ocorrência registrado e 4.000 acionamentos do botão de emergência.
Para a coordenadora nacional do MTST, Natália Szermeta Boulos, o trabalho de prevenção também envolve mais capacitação nas forças de segurança, tanto estaduais quanto a municipal, e medidas de infraestrutura, como a melhoria de iluminação pública.
“É necessário que se enfrente isso desde a primeira infância, é necessário que se combata o discurso de ódio, a regulamentação nas redes sociais, uma série de políticas que são importantes e fundamentais para evitar e prevenir o feminicídio que é, em geral, a última e a ação mais violenta do ciclo.”
Ela cita redução de orçamento na pasta e afirma que isso é uma demonstração ruim em um momento de alta nos feminicídios. “Não adianta ter boas intenções, porque, sem recurso, não se resolve nada.”
ALTA DE FEMINICÍDIOS
De acordo com um levantamento do Instituto Sou da Paz, a capital paulista foi o cenário de 1 a cada 4 feminicídios consumados no estado. Na comparação dos dez primeiros meses de 2025 com o mesmo período do ano passado, a alta é de 23% na cidade. Em relação a 2023, o crescimento foi de 71%.
Os dados reforçam a tendência histórica da violência contra a mulher: a maioria dos casos ocorre dentro de casa (67%) e as vítimas são assassinadas com armas brancas ou objetos contundentes instrumentos usados em mais da metade dos crimes no estado.



