SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, disse nesta quinta-feira (4) que “gostaria que a Embraer fabricasse aviões maiores”. Segundo o executivo, a fabricante brasileira tem força suficiente para competir com Boeing e Airbus.
Em conversa a jornalistas, Spohr afirmou que a indústria da aviação não tem sido tão inovadora nas últimas décadas.
“Pense no que aconteceu nos anos 60, 70, 80, 90, e então olhe para o que aconteceu nos últimos 20 anos. Acho que precisamos garantir -e é aí que a Embraer é um fator importante- que a concorrência e a inovação avancem.”
Hoje, o maior modelo da Embraer é o E195-E2, que é capaz de levar 146 passageiros, mas se encaixa na categoria conhecida como small narrow-body. O avião tem alcance de pouco mais de 4.800 quilômetros -capaz de chegar a quase toda a América Latina, partindo de Brasília.
Ainda de acordo com Spohr, a empresa continua a sofrer impacto da crise na cadeia de produção dos aviões. Ele diz que há atrasos por parte de fabricantes e de fornecedores de peças.
É um cenário que, segundo Spohr, deve durar pelo menos até 2030.
“No último verão europeu, estávamos com a falta de 41 aeronaves da Boeing. Nós não temos 41 aviões para substituí-los. Então usamos 18 aeronaves mais antigas para operar algumas rotas e deixamos de voar 23 rotas porque não tínhamos avião. Isso está nos afetando profundamente. E também a ideia de abrir novos destinos na América Latina está limitada por essa falta de aeronaves”, afirma.
Em novembro, a Lufthansa foi uma das companhias aéreas impactadas pelo recall da Airbus. A fabricante europeia anunciou um chamado de reparos imediato em 6.000 aeronaves da família A320, um recall que afetou mais da metade da frota global.
A medida foi tomada após um incidente técnico no mês passado com uma aeronave nos Estados Unidos, que “revelou que radiações solares intensas podiam corromper dados essenciais para o funcionamento dos comandos de voo”, explicou a fabricante.
“Vocês viram o que a Airbus comunicou dias atrás: painéis das aeronaves foram produzidos com qualidade inadequada e precisam ser substituídos. Acredito que esses problemas na cadeia de suprimentos vão continuar por todo o restante desta década”, disse Spohr.
LUFTHANSA AVALIA NOVOS MERCADOS NO BRASIL
Na entrevista a jornalista, Spohr disse que a companhia aérea está olhando para novos destinos no país. O executivo afirmou que irá visitar Fortaleza e Recife para estudar os mercados.
Não são planos de curto prazo. A falta de aviões impede a abertura de novas rotas, segundo ele.
“Todos sabemos que a indústria está defasada na entrega de aeronaves. Então, para abrir um novo destino, eu preciso de um novo avião, porque não vou tirar de outro lugar. Portanto, isso provavelmente só em 2027, no mínimo. Mas vamos analisar isso de perto e ver o que mais podemos acrescentar ao Rio e a São Paulo”, disse.



