BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Ministério da Fazenda atribuiu o resultado do PIB no terceiro trimestre à desaceleração do consumo, como consequência da política monetária restritiva do Banco Central. A taxa de juros está no maior nível desde 2006, a 15% ao ano.
Na comparação entre 2024 e 2025, o consumo das famílias foi de uma alta de 1,8% para avanço de 0,4% do segundo para o terceiro trimestre, destacou a SPE (Secretaria de Política Econômica). O movimento gera efeitos sobre o resultado do PIB, cuja alta de 0,1% ficou levemente abaixo da projeção da Fazenda, de 0,3%.
“O consumo das famílias desacelerou, refletindo o recuo no consumo de bens duráveis e não duráveis e a redução no ritmo de consumo de produtos semiduráveis e de serviços, principalmente importados. A desaceleração está associada ao desaquecimento dos mercados de trabalho e crédito no terceiro trimestre, em resposta aos impactos defasados da política monetária restritiva”, disse a SPE.
A alta dos juros tem gerado indisposição entre o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e os integrantes do governo Lula.
“O senhor [presidente Lula], assim como eu e muitos brasileiros, temos um inconformismo com a taxa de juros, a taxa Selic, que é realmente muito alta e a gente tem que trabalhar para reduzi-la”, afirmou nesta quinta-feira (4) o secretário de Reformas Econômicas, Marcos Pinto.
As revisões das séries do PIB também levaram a diferenças na expectativa de crescimento. Na comparação interanual, o IBGE revisou a alta de 2,9% para 3,1% no primeiro trimestre e de 2,2% para 2,4% no segundo. Por isso, de acordo com a Fazenda, o viés de revisão do PIB de 2025 é de alta.
“No terceiro trimestre, o ritmo de crescimento foi inferior ao projetado pela SPE na margem, embora a expansão tenha sido muito próxima à esperada na comparação interanual. Essa discrepância tem a ver com as revisões nas séries trimestrais desde 2024”, disse a secretaria.
Segundo a SPE, as revisões apontam que a atividade econômica de setores menos cíclicos também teve desempenho melhor no primeiro semestre deste ano. A pasta afirma, no entanto, que ainda há perspectiva de desaquecimento.
“A tendência de desaceleração da atividade, com a revisão para cima do PIB do primeiro semestre, se tornou mais acentuada, reduzindo também o carry-over para 2026. Dessa maneira, não se altera a perspectiva de desaquecimento econômico e de fechamento do hiato desenhada do segundo semestre de 2025 em diante.”
O resultado divulgado hoje pelo IBGE indica relativa estabilidade na economia, após elevação de 0,3% no segundo trimestre e de alta de 1,5% no primeiro. O PIB abriu o ano de 2025 com o impulso da safra recorde de grãos, mas passou a dar sinais de desaceleração após o empurrão do campo e com a permanência dos juros altos para conter a inflação.
A taxa de 0,1% também ficou um pouco abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,2%, de acordo com a agência Bloomberg.



