RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Com pouca concorrência, o leilão de reservas do pré-sal realizado nesta qunta-feira (4) teve resultado aquém do esperado pelo governo. Apenas dois dos três lotes foram arrematados com ágios baixos e a arrecadação ficou abaixo da previsão inicial.
O leilão foi idealizado pelo MME (Ministério de Minas e Energia) como alternativa de receita para compensar perdas com derrotas do governo na tentativa de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
O leilão era considerado pela área econômica um dos principais fatores de ajustes das contas públicas na reta final deste ano. O valor mínimo das áreas era de R$ 10,2 bilhões, mas o governo esperava arrecadar até R$ 15 bilhões com disputa entre as interessadas.
Com a participação de apenas duas empresas, Petrobras e Shell, o leilão arrecadou apenas R$ 8,79 bilhões. Dez empresas haviam acessado informações e sete se habilitaram para participar do leilão, mas só as duas apareceram.
Juntas em um consórcio, Petrobras e Shell ofereceram R$ 7,79 bilhões pelo lote do campo de Mero, ágio de 1,9% em relação ao preço mínimo. Para o lote de Atapu, ofereceram R$ 1 bilhão, um ágio de 16% sobre o valor mínimo. Não houve ofertas pelo lote de Tupi.
Mero, Atapu e Tupi são campos produtores do pré-sal na bacia de Santos. Neste leilão, o governo vendeu o direito de ficar com parte da produção que pertence à União, de acordo com os contratos de partilha da produção do pré-sal.
Na prática, portanto, essa venda antecipa receita que o governo teria com a venda desse petróleo ao longo da vida útil dos campos.
Em discurso após o leilão, o presidente da PPSA (Pré-Sal Petróleo SA), Luiz Fernando Paroli, disse que considerou o resultado “um grande sucesso”. “Tìnhamos a perspectiva de que as três áreas fossem arrematadas, mas [leilão] é assim mesmo”, afirmou. A PPSA é a empresa que gere as participações da União no pré-sal.
Ele disse que a PPSA optou por estabelecer preços mínimos elevados, considerando que as empresas concorrentes têm grande conhecimento sobre as áreas e, por isso, os ágios não foram tão grandes.
“Quando a gente faz isso, corre o risco de a nossa visão ser diferente da visão dos compradores”, afirmou, referindo-se à falta de interessados pela lote de Tupi. Ele disse, porém, que o governo não perde, já que continuará tendo o direito de vender o petróleo do campo, que é o segundo maior produtor do país.
Representante da Petrobras no evento, Bruo Moczydlower afirmou que a participação da estatal está em linha com sua estratégia de buscar reposição de reservas com resiliência econômica e baixo risco. Ele é gerente executivo para a área de Libra, onde está o campo de Mero.
“Foi um resultado muito positivo, que só reforça nossa parceria não só com a Petrobras, mas com o governo brasileiro, e nossa estratégia para o país”, afirmou Flávio Ofugi Rodrigues, vice-presidente de relações corporativas e sustentabilidade da Shell.



