RIO DE JANEIRO, RJ E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A economia brasileira continuou em desaceleração no terceiro trimestre deste ano, com leve avanço de 0,1% em relação aos três meses imediatamente anteriores, apontam dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta quinta (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado veio após elevação de 0,3% no segundo trimestre e de 1,5% no primeiro.

Analistas do mercado financeiro esperavam variação positiva de 0,2%, de acordo com a mediana das projeções coletadas pela agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de -0,5% a 0,3%.

A economia nacional abriu o ano de 2025 com o impulso da safra recorde de grãos, mas passou a dar sinais de desaceleração após esse empurrão do campo e com a permanência dos juros altos.

A agropecuária teve variação positiva de 0,4% no terceiro trimestre, e a indústria, de 0,8%. O setor de serviços, que tem maior peso na economia, ficou praticamente estável (0,1%).

A taxa básica de juros (Selic) atravessou o terceiro trimestre em 15% ao ano, o que tende a dificultar os investimentos produtivos e o consumo de parte dos bens e serviços.

Ao manter a Selic no patamar de dois dígitos, o BC (Banco Central) tenta esfriar a atividade econômica para baixar a inflação. Isso porque uma demanda mais contida tende a reduzir a pressão sobre os preços.

Se de um lado os juros desafiaram o PIB nos últimos meses, de outro o mercado de trabalho seguiu mostrando sinais de força no Brasil. O desemprego em queda e a renda em alta beneficiam o consumo.

O terceiro trimestre também foi marcado pelo tarifaço do presidente Donald Trump a exportações brasileiras. A medida entrou em vigor em agosto, afetando parte dos embarques para os Estados Unidos.

Os americanos já derrubaram parte das sobretaxas, e o governo Lula (PT) tenta novas medidas nesse sentido.

O QUE VEM PELA FRENTE?

Na mediana, as previsões do mercado financeiro indicam crescimento de 2,16% para o PIB no acumulado de 2025, conforme o boletim Focus divulgado na segunda (1º) pelo BC. O Ministério da Fazenda, por sua vez, projeta alta de 2,2%, segundo revisão anunciada em novembro.

Ambas as estimativas sinalizam uma desaceleração ante 2024, quando o PIB cresceu 3,4%.

Para 2026, o mercado financeiro prevê avanço de 1,78%, de acordo com a mediana do Focus. O Ministério da Fazenda espera alta maior, de 2,4%.

Analistas afirmam que uma das razões para o desempenho positivo do PIB nos últimos anos foi a adoção de políticas de estímulo à economia pelo governo Lula.

Setores como o mercado financeiro costumam sinalizar preocupação com o quadro fiscal do país e cobram ações de ajuste nas contas públicas.

Há, contudo, dúvidas sobre a disposição do governo de abrir mão de medidas para incentivar a economia antes das eleições de 2026.