SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Sintect-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares de São Paulo, Grande São Paulo e zona postal de Sorocaba) aprovou, na noite desta terça-feira (2), um indicativo de greve para o dia 16 de dezembro, a partir das 22h.

Trabalhadores também preveem participar de uma caravana para Brasília (DF) na terça (9), para um ato unificado nacional previsto para o dia seguinte (10). A mobilização integra a campanha pela renovação do acordo coletivo e por reajuste salarial no próximo ano.

Procurados pela Folha de S.Paulo, os Correios disseram que os serviços de entregas operam normalmente, e que as negociações continuam para a busca de soluções que assegurem tanto o atendimento à população quanto o bem-estar das empregadas e dos empregados. “Situações específicas devem ser reportadas à empresa por meio dos canais oficiais de relacionamento para serem averiguadas e solucionadas”, diz.

Neste ano, os Correios acumulam prejuízo de R$ 6,1 bilhões até setembro, segundo as demonstrações financeiras aprovadas no fim de novembro pelo conselho de administração da companhia. “Taxa das blusinhas”, queda nas receitas, aumento nas despesas operacionais, pressão de ações trabalhistas e outros processos judiciais, além do avanço de empresas de logística estão entre os motivos para crise enfrentada pela estatal.

Diretor do sindicato, Douglas Melo disse que a categoria aguarda a confirmação de uma audiência pública em Brasília, prevista para os dias 9 e 10, articulada pelo deputado federal Leonardo Monteiro (PT).

Segundo ele, uma nova assembleia nacional deve ocorrer em 15 ou 16 de dezembro, dependendo da agenda de cada sindicato, para deliberar sobre o início da greve caso as negociações não avancem.

Melo afirma que os trabalhadores estão sem acordo coletivo desde 1º de agosto, e que a empresa vem prorrogando o documento mês a mês. Segundo ele, a estatal informou que a prorrogação só vai até 15 de dezembro. “Após esse período, ficamos sem acordo. As cláusulas que estão acima da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] deixam de ter garantia”, disse.

Ele também defendeu que o governo federal faça m aporte emergencial aos Correios, diante das dificuldades da estatal em captar empréstimos. O Tesouro Nacional vetou, na noite de terça, a garantia ao empréstimo de R$ 20 bilhões que os Correios pretendiam tomar com bancos.

“O serviço postal é previsto na Constituição, é um direito da população, e cabe ao governo mantê-lo. É necessário garantir a entrega de encomendas, cartas e serviços sociais que os Correios prestam”, afirma Melo.

Em junho, o Sintect-SP já havia apontado atraso no pagamento a terceirizados e dificuldades no atendimento do plano de saúde. Houve paralisação de motoristas de transportadoras na zona sul de São Paulo, o que deixou encomendas paradas.

Com um prejuízo de R$ 2,59 bilhões no ano passado, os Correios montaram em maio um plano para cortar despesas em R$ 1,5 bilhão em 2025, que inclui PDV (Programa de Desligamento Voluntário), incentivo à redução da jornada com diminuição de pagamento e suspensão temporária de férias, entre outras medidas.

Mas o sindicato pedia o oposto: a contratação dos 3.500 concursados aprovados em seleção realizada em dezembro de 2024.

Também em junho, trabalhadores dos Correios foram à Justiça contra a volta de funcionários que trabalham em regime remoto para o presencial.

Para o Sintect, a atividade presencial custa mais à estatal e a determinação de impor o retorno ao presencial não faria sentido em um momento em que a empresa busca cortar custos.