PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – A chinesa Meituan, principal empresa de delivery da China e maior da categoria no mundo, aposta nas entregas com drone como diferencial. Um dos lugares inusitados aos quais a companhia chega por meio dos dispositivos é a Muralha da China.

O local escolhido foi a entrada turística de Badaling, em Pequim. Qualquer usuário do aplicativo pode fazer um pedido para ser entregue no local. Atualmente, a Meituan tem três drones que fazem viagens alternadas para dar conta da demanda de entregas.

Não são, porém, todos os restaurantes cadastrados para entregas que chegam até o alto do ponto turístico. Somente as lojas habilitadas para aquele ponto participam. São elas Subway e KFC, além de dois restaurantes de comida local e uma loja de conveniência.

A empresa também mantém um kit médico aos pés da muralha para que, caso algum visitante precise de medicamentos de urgência, o item chegue em alguns minutos, sem qualquer cobrança.

A entrega na muralha demora cerca de 20 minutos. Entregadores pegam o produto nas lojas cadastradas e levam até um ponto aos pés da muralha. Lá, um funcionário treinado coloca o pedido em uma caixa, e o drone carrega o item, que, ao chegar ao local designado, é retirado por outro funcionário e entregue ao cliente.

A Meituan é a dona da Keeta, que chegou ao Brasil em outubro em fase de testes e começou operações na cidade de São Paulo em dezembro. O lançamento dos serviços movimentou o mercado de entrega por aplicativo no país, dominado pelo iFood.

A operação por drone exige o uso de chamados “aeroportos automatizados”, onde o drone aterrissa e um funcionário da empresa retira o produto e finaliza a entrega, como é o caso do serviço na muralha.

Há também terminais totalmente automatizados, nos quais o drone deixa o pedido, e o cliente utiliza um código para ter acesso ao produto.

Hoje, o Keeta Drone opera em locais como Pequim, Shenzhen, Xangai, Guangzhou, Suzhou e Hong Kong. O serviço também está disponível desde dezembro de 2024 em Dubai, sendo o único local fora da China que conta com o recurso.

O dispositivo faz entregas em um raio de cinco quilômetros e chega a diversos locais, como prédios residenciais e comerciais, pontos turísticos, parques, escolas, universidades e hospitais. Os espaços escolhidos para a entrega por drone levam em consideração o nível de dificuldade de acesso, a limitação de entregadores disponíveis no local ou no horário e até o trânsito da região.

Além da entrega feita completamente pelo dispositivo, a empresa conta com um modelo híbrido, em que o drone faz parte da jornada e o entregador finaliza o trajeto.

Os restaurantes que permitem a entrega por drone são restritos e previamente cadastrados. São entregues alimentos, itens como eletrônicos e produtos de higiene pessoal.

A empresa começou a pesquisar o modelo de delivery por meio do dispositivo em 2017 e, no início de 2021, fez a primeira entrega para um cliente em Shenzhen.

Os drones usados no sistema são desenvolvidos pela própria companhia. O modelo mais recente, batizado de M-Drone Ger. 4, carrega itens de até 2,5 kg e consegue operar com chuva moderada, vendavais e neve.

Em entrevista à Folha de S.Paulo em julho deste ano, o CEO da Keeta e vice-presidente da Meituan, Tony Qiu, afirmou que planeja trazer a tecnologia ao Brasil.

Hoje, um projeto-piloto do iFood realiza entregas com o dispositivo, feito em parceria com a fabricante Speedbird Aero, em Sergipe. Segundo a empresa, o drone utilizado tem capacidade de carga de 5 kg e resiliência meteorológica -ou seja, consegue voar com chuva ou vento.

Até o início de outubro, a empresa contava com dois dispositivos que funcionam dez horas por dia.