CATARATAS DO NIÁGARA, CANADÁ (FOLHAPRESS) – Para quem cresceu vendo e revendo o Pica-Pau descer as Cataratas do Niágara, às vezes sem nem saber onde exatamente aquilo ficava, é quase impossível ir à Toronto sem querer dar uma esticadinha até as famosas quedas d’água.

Do outro lado do lago Ontario, bem na fronteira com os Estados Unidos, as Cataratas ficam em uma cidade homônima há 130 km de Toronto. Essa distância pode ser percorrida em pouco mais de 1h30 de carro, ou em 2h30 de trem.

A segunda opção é mais barata, mas faz o bate e volta ser meio apressado, uma vez que o último trem de volta parte no final da tarde, por volta das 17h; já a primeira dá mais liberdade para explorar a região e até dormir uma noite por lá.

De fato, há muito para ver por ali além do atrativo natural (como roda gigante, torre de observação, cassinos e uma miríade de atrações infantis), já que o calçadão que beira o rio Niágara, com vista para as quedas d’água, jamais seria suficiente para os 12 milhões de turitas que passam por lá anualmente. Mas só as atrações ligadas diretamente às quedas d’água já ocupam um dia inteiro, tranquilamente.

Esse calçadão, aliás, é uma das grandes diferenças entre as cataratas do Niágara e do Iguaçu, no Brasil. Enquanto as nossas ficam 12km adentro de um parque nacional de floresta totalmente preservada, a versão norte-americana foi abraçada pela urbanização -o turismo explodiu por lá justamente nos anos 1940, época da construção de muitas rodovias.

Muito por causa dessa urbanização, apenas olhar e fazer fotos das Cataratas é de graça. Quem vai de trem, o Metrolinx GO, já tem incluso no ticket (20 dólares canadenses, ou R$ 76) passes ilimitados para usar as linhas de ônibus Wego, que conectam a estação a todas os atrativos por ali.

O principal mirante para as Cataratas, aliás, fica bem em frente ao centro de visitantes, que concentra opções de alimentação (tudo meio superfaturado, por óbvio) e dá acesso a algumas das atrações pagas.

A principal delas é a chamada “Journey Behind the Falls” (‘Jornada por trás das quedas’, em tradução livre), que custa 29 dólares canandeses (R$ 110) e dá acesso a um deck de observação ao lado das quedas -já lá embaixo, dentro do cânion escavado pelas águas. Como as quedas não são lá muito altas (têm em 20 e 50 metros de altura), observá-las de baixo e tão de perto é muito mais interessante do que do calçadão lá em cima.

No caminho até esse mirante, a jornada de 29 dólares dá acesso a uma pequena rede de túneis construídos com propósito turístico mesmo, de onde é possível observar a força das águas por detrás delas. Não é tão impressionante quanto vê-las de fora, mas vale explorá-los para fazer valer o ingresso.

Os túneis da usina elétrica (outro ingresso, de 32 dólares, cerca de R$ 120) , esses sim construídos para desviar as águas do rio para gerar eletricidade, mas transformados em atração turística em 2022, são bem mais amplos e mais divertidos de visitar -e também levam a um deck de observação no fundo do cânion.

Outra nova atração do complexo, aberta em agosto, é o Niagara Takes Flight, um simulador de voo sobre as cataratas, com fileiras de assentos que se movem em frente a uma grande tela côncava imersiva. É o mesmo equipamento Soarin, atração clássica do Epcot, parque da Disney em Orlando, e que recentemente também chegou ao Sea World sob a alcunha Expedition Odissey.

Se comprado separadamente (29 dólares canadenses, ou R$ 110), o simulador não compensa, mas vale a pena caso o turista opte pelo Wonder Pass (75 dólares canadenses, cerca de R$ 250), pacote que inclui os túneis por trás das quedas, a usina, o simulador e um borboletário. Planejamento, aliás, é fundamental para conseguir fazer tudo, pois boa parte das atrações requerem agendamento e, no caso do simulador, por exemplo, todas as vagas esgotam antes do meio-dia.

Mas o imperdível mesmo, e infelizmente o mais caro entre todas as opções, é o passeio de barco até as quedas d’água. Custa 43 dólares canadenses (R$ 164), dura 20 minutos e leva centenas de turistas a cada viagem –por isso também, é menos emocionante que o equivalente brasileiro, bem mais radical. Mas é daqueles momentos da viagem em que a gente fica maravilhado, até boquiaberto de sentir de perto a força da natureza. Aliás, vale frisar: as capas de chuva que apareciam no desenho do Pica-Pau, e que até hoje são fornecidas aos montes, gratuitamente, são totalmente dispensáveis.