RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A primeira sessão da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) após a prisão de seu presidente, o deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi rápida, encerrada de forma abrupta e praticamente sem menções ao caso.
Houve duas breves menções sobre o caso, do deputado Carlos Minc (PSB), que questionou mudança de posição de parlamentares sobre um projeto de lei que trata de poluição do ar, sendo depois interpelado pelo deputado Rodrigo Amorim, do mesmo partido e aliado de Bacellar.
“Considero uma fala absolutamente irreponsável do deputado Minc. O que uma ocisa tem ver com a outra?”, afirmou logo depois. “Nâo há nenhuma ruptura insitucional, a Casa continua com todos os trâmites institucionais”, prosseguiu.
Na segunda tentativa, ainda no debate sobre o projeto ambiental, o deputado Flavio Serafini (PSOL) foi censurado pelo presidente interino, Guilherme Delaroli (PL). Serafini dizia que a resistência de deputados da base governista ao tema era a segunda surpresa do dia.
“A primeira foi a notícia da prisão do presidente Rodrigo Bacellar”, continuou, sendo imediatamente interrompido por Delaroli. “Não fale neste assunto”, afirmou o aliado do presidente preso sob suspeita de avisar ao ex-deputado TH Joias sobre sua prisão iminente.
A sessão foi esvaziada no final e encerrada antes do período do expediente final. Paras a oposição, uma estratégia para evitar que os deputados aliados fossem confrontados sobre o tema.
A Alerj alega que precisa receber a notificação sobre a prisão antes de se manifestar. Serafini disse que seu partido também espera ter acesso a detalhes do pedido de prisão antes de um posicionamento oficial.
“Mas os indícios até agora são muito graves”, afirmou o deputado. “Há duas dimensões nesse caso: a primeira, é a acusação de vazamento de informação e obstrução de Justiça; a segunda, se o deputado tem algum envolvimento com TH Joias e o crime organizado.”
A Casa espera a notificação da prisão, com detalhes sobre o pedido, para deliberar sobre o caso. Os deputados têm a prerrogativa de retirar Bacellar da cadeia, como já fizeram em outras duas ocasiões com parlamentares presos nas operações Cadeia Velha, em 2017, e Furna da Onça, em 2019.
Na primeira, foram beneficiados o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani e os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi. Na segunda, André Correa, Chiquinho da Mangueira, Marcos Vinicius Neskau e Marcos Abrahão.
O grupo ligado a Bacellar tem maioria entre os 70 deputados da Alerj, mas a liberação do parlamentar deve depender da articulação do governador Cláudio Castro (PL), que já foi aliado e hoje é adversário político do presidente da Alerj.
A reportagem entrou em contato com o gabinete do deputado Delaroli mas ainda não recebeu retorno.



