BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Conforme a corrida pelo Palacio de La Moneda chega em sua reta final no Chile, os candidatos que disputam o segundo turno em 14 de dezembro, José Antonio Kast e Jeannette Jara, não parecem conseguir sair dos dois temas que mobilizaram a campanha até agora: violência e imigração.

Kast, afirmou nesta quarta-feira (3) que será implacável, mas não fará batidas de agentes de imigração em busca de pessoas vivendo irregularmente no país, como as que o governo dos Estados Unidos promove, e que eles “serão convidados” a deixar o Chile. Em um debate na rádio com sua rival, a esquerdista Jeannette Jara, ele discutiu seu plano para lidar com imigrantes sem documentos.

Ele mencionou que os imigrantes têm 98 dias para deixar o Chile (até a posse do próximo presidente) e que, caso não saiam, serão expulsos. Uma jornalista apontou que não seria possível expulsar as pessoas em situação irregular, por muitas serem de nacionalidade venezuelana e o país não ter um consulado ativo no Chile.

As autoridades peruanas também não aceitam que pessoas sem documentos passem pela fronteira, ao norte, como Kast chegou a sugerir durante a campanha.

O candidato disse que pretende usar todos os recursos disponíveis para deportar os que estão de forma ilegal no país. “Não há nada impossível na vida”, disse Kast. “Há distintas maneiras [de fazer isso], primeiro, vamos lembrar que eles têm 98 dias para sair livremente, pegar as suas coisas, vender o que tiverem, e sair.” Ele também disse que irá cobrar os empregadores dos ilegais pelos custos da passagem de volta ao país de origem dos imigrantes.

Jara, que representa a coalizão que sustenta o governo de Gabriel Boric, criticou o opositor por usar a imigração para ganhar votos e criar um clima de medo nos eleitores. A candidata da esquerda afirmou que pretende controlar a entrada de pessoas no país, além de realizar um censo da população indocumentada para descobrir seus antecedentes, vínculos trabalhistas e familiares.

Kast lidera as pesquisas e registra de 55% a 60% das intenções de voto, após ficar em segundo lugar nas eleições de primeiro turno, em novembro. Ele largou em vantagem para esse segundo confronto, por aglutinar votos que no mês passado foram para Evelyn Mattei e Johannes Kaiser, de quem recebeu apoio.

Além da imigração, a segurança pública foi um dos tópicos principais do debate, refletindo uma preocupação crescente dos chilenos com o aumento da criminalidade. Kast tem relacionado a entrada de imigrantes com o aumento das taxas de homicídio.

Ao falar sobre os casos de feminicídio no país, Kast mencionou a taxa de homicídios em El Salvador e disse que o modelo do país centro-americano é um “exemplo para todos”. Acrescentou também que, se os chilenos tivessem o presidente salvadorenho Nayib Bukele na cédula, votariam nele.

Jara, por sua vez, disse à imprensa que há um movimento em curso para dar como garantida a vitória do seu opositor no segundo turno, em 14 de dezembro. “Só quero dizer que em janeiro todos disseram que a reforma [da Previdência] não ia sair, e saiu. Nas primárias, em junho, me disseram que não havia como vencer e eu ganhei por 60%.”

Ao comentar sobre o ensino da identidade de gênero nas escolas, a governista respondeu que “alimentar o ódio contra quem é diferente é um mau investimento para a convivência”. Já Kast disse que pretende respeitar projetos educacionais e “não impor”.

A candidata do Partido Comunista acusou Kast de ter passado 16 anos no Congresso sem ter aprovado leis relevantes; Kast, por sua vez, comemorou ter recebido 20% de apoio em uma consulta entre militantes do Partido Popular, de Franco Parisi, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno. Parisi havia declarado que não iria apoiar nenhum dos dois candidatos no segundo turno.

Um último debate da corrida presidencial já tem data confirmada, com organização da Associação Nacional de Televisão. O evento crucial está marcado para a próxima terça-feira (9), será transmitido em horário nobre e aberto para todos os canais