SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil investiga se o motorista Douglas Alves da Silva, 26, também tinha intenção de atingir o homem que caminhava ao lado de Tainara Souza Santos, 31, que foi atropelada e arrastada por cerca de 1 km na manhã de sábado (29).
“Iniciou-se uma investigação de que se visava feminicídio tentado. Estamos trabalhando para poder trazer elementos que comprovem que ele não visava [atingir] tão somente a Tainara”, afirma o delegado Augusto Cesar Pedroso Bicego, da 90º DP (Parque Novo Mundo).
Tainara teve as duas pernas amputadas e está em coma induzido desde sábado. Ela passou por cirurgia na segunda-feira para implementação de pinos no quadril e de sonda para se alimentar.
Advogado de Douglas, Marcos Leal afirma que ele não tinha intenção de atingir Tainara, mas sim o homem que caminhava ao seu lado na saída de um bar identificado com Lucas. Ele alega que Douglas não conhecia Tainara e nunca teve uma relação com ela -o que contradiz relatos da família de Tainara e de um amigo de Douglas.
Leal afirmou, por meio de nota nesta quarta-feira (3), que Douglas está arrependido. Também diz que os pais dele têm sido ameaçados e hostilizados.
“A Justiça não deve ser confundida com vingança nem deve atingir terceiros que nada têm a ver com o crime”, diz.
Segundo o advogado de Tainara, Fabio Costa, eles se relacionaram, mas nunca tiveram um relacionamento sério.
Kauan, amigo de Douglas que estava dentro do carro no momento do acidente, afirma que Tainara tinha terminado o relacionamento com Douglas havia pouco tempo.
O jovem diz que conhece o preso há quatro anos e que, em 29 de novembro, dia do crime, foram até um bar na rua Tenente Amaro Felicissímo da Silveira, na Vila Maria. Na ocasião, Douglas teria ficado enfurecido ao encontrar Tainara conversando com outro homem. Essas informações foram prestadas em depoimento no 73º DP (Jaçanã).
Ainda segundo essa testemunha, Douglas discutiu com Tainara e com o rapaz que a acompanhava. Em seguida, chamou o amigo para ir embora.
Kauan contou que entraram no carro, um Golf Preto, mas, em vez de irem embora, Douglas deu uma volta, contornando o rio, e, do nada, começou a acelerar o carro. A testemunha relatou, então, que o amigo disparou com o veículo em direção a Tainara, sem que houvesse tempo para qualquer reação.
O passageiro também relatou que, no momento em que Tainara estava presa embaixo do carro, Douglas puxou o freio de mão e ficou acelerando “para tentar matá-la”. Kauan afirma, ainda, que fez de tudo para impedir o amigo, mas não conseguiu, pois ele estava “transtornado”.
O suspeito, então, soltou o freio de mão e arrancou com o veículo.
Kauan diz que, alguns metros a frente, percebeu que algo ainda estava preso embaixo do carro. Era Tainara. Ele contou que brigou e gritou com Douglas, porque queria descer do veículo. Quando, enfim, o amigo parou o carro, já na marginal Tietê, Kauan desceu e viu a vítima caída no chão.
A testemunha afirmou que em nenhum momento incentivou a conduta de Douglas.



