SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um casal gay que estava abraçado no Mercadão de São Paulo relatou ter sido abordado por um segurança do espaço, que pediu que os homens fizessem “isso lá fora”. O caso aconteceu no domingo (30).

O Mercadão disse que episódio é inadmissível, e a empresa terceirizada que cuida da segurança afirmou que o funcionário foi demitido.

O autônomo Kawan Maia, 26, esperava um veículo por aplicativo junto do namorado, de 24 anos. Maia filmou a ação.

“Estou aqui no Mercadão de São Paulo e não posso estar abraçando meu namorado porque ele [segurança] disse que aqui tem um monte de família”, diz ele na gravação.

O segurança responde: “Cara, eu tô pedindo com respeito. Então, não dá pra você fazer isso lá fora? Estou pedindo para você respeitar as famílias”. O homem não foi identificado.

“Aqui é público, eu vou abraçar onde eu quiser. Quem é você para me falar alguma coisa? Eu não estou beijando ele, estou abraçando”, rebate Maia. Os dois, então, seguem a discussão.

Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), “as vítimas estavam abraçadas quando o funcionário iniciou a discussão e, ao deixarem o estabelecimento, ainda ouviram novas ofensas”.

O caso foi registrado como injúria no 1º Distrito Policial (Sé), e as vítimas foram orientadas sobre o prazo para representação criminal.

Maia disse à Folha de S.Paulo que seu advogado já deu início ao processo. “Quero apenas que a justiça seja feita, para que mais pessoas não passem por uma situação como essa. Só quem passa sabe a sensação horrível que é”, afirmou.

A Mercado SP, concessionária responsável pela gestão do Mercadão, afirmou que o episódio representa um fato isolado e inadmissível, que não reflete os princípios nem o compromisso do Mercadão com o respeito, a inclusão e a diversidade.

A concessionária disse que notificou a empresa terceirizada responsável pelo controlador de acesso e solicitou seu afastamento imediato. A Mercado SP afirmou que está reforçando suas políticas de diversidade e inclusão junto aos colaboradores diretos e com os prestadores de serviço.

“O Mercadão é, historicamente, um espaço de encontro entre culturas, origens e expressões, além de um patrimônio da cidade de São Paulo que preza pela convivência respeitosa, sendo, inclusive, integrante da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil. A administração segue atuando com total transparência para assegurar que o Mercadão continue um espaço seguro, democrático e aberto.”

A Argus, empresa responsável pela gestão do controle de acesso no Mercadão, também em nota, manifestou profundo pesar e repúdio com o episódio.

A companhia afirmou que o funcionário foi demitido e que está intensificando e revisando seus programas de treinamento.

“Será promovido um novo ciclo de capacitação e sensibilização sobre diversidade, inclusão e combate a toda forma de discriminação para toda a equipe”, afirmou.