BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Exército de Israel anunciou nesta quarta-feira (3) que irá reabrir a passagem de Rafah, no sul do território palestino, em coordenação com o Egito e sob a supervisão da União Europeia, “conforme o acordo de cessar-fogo e a direção dos escalões políticos”. O Cairo, no entanto, nega que participará da coordenação.

O plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê a reabertura da passagem de Rafah, controlada por forças de Israel durante a guerra entre Israel e Hamas. Tropas israelenses ocupam o posto de controle e a área que vai da costa à tríplice fronteira entre Gaza, Egito e Israel, faixa conhecida como corredor Filadélfia.

O plano de Trump afirma que a reabertura de Rafah ocorreria sob as mesmas diretrizes do cessar-fogo de janeiro de 2025, ou seja: com papel direto da Autoridade Palestina, sob ajuda e supervisão da Eubam, a missão de assistência de fronteiras da União Europeia. Esse formato funcionou até março, quando a trégua foi rompida com novos ataques israelenses.

Embora a abertura do posto de controle seja prevista no plano de paz, Israel manteve Rafah fechado em ambas as direções desde que o último cessar-fogo entrou em vigor, em outubro, sob o argumento de que o Hamas deveria cumprir o acordo de devolver todos os reféns, vivos e mortos, em Gaza. Autoridades israelenses afirmam que a reabertura está condicionada à devolução dos corpos.

Até a manhã desta quarta-feira, restam apenas dois reféns mortos ainda no território palestino. Tel Aviv analisou restos mortais entregues nesta terça pelo Hamas e concluiu que eles não eram de nenhum dos dois sequestrados, o israelenses Ran Gvili e o tailandês Sudthisak Rinthalak.

Também nesta quarta, a facção terrorista Jihad Islâmico afirmou ter encontrado o corpo de um deles e que o Hamas o devolveria às 17h (12h no horário de Brasília).

Antes da guerra, a passagem era o único ponto de saída direto para a maioria dos palestinos em Gaza e era um ponto fundamental de entrada de ajuda humanitária no território. Ela permaneceu fechada durante quase todo o conflito, com breves períodos de reabertura controlada —antes da guerra, Tel Aviv e o Cairo já compartilhavam decisões sobre entradas e saídas no local, a única fronteira que Gaza divide com um país que não seja Israel.

Pelo menos 16,5 mil pacientes necessitam de atendimento médico fora do território palestino, segundo as Nações Unidas. Alguns moradores de Gaza obtiveram autorização para sair para tratamento médico no exterior, através de Israel, para países como Jordânia, Espanha e Itália.

“Estamos esperando pela abertura de Rafah há meses”, disse à agência Reuters Tamer al-Burai, que precisa de tratamento para uma condição respiratória. “Finalmente, eu e milhares de outros pacientes podemos ter a chance de receber tratamento adequado”, disse ele, por telefone, de Gaza.

Nesta quarta, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que o premiê instruiu o diretor interino do Conselho de Segurança Nacional a enviar um representante para uma reunião com autoridades libanesas.

“Esta é uma tentativa inicial e estabelecer a base para uma relação de cooperação econômica entre Israel e Líbano”, disse o gabinete, em nota. A reunião, segundo o site The Times of Israel acontece na sede da missão da força interina da ONU em Naqoura, no sul do Líbano.