Da Redação
A crise aberta no PL nos últimos dias ganhou um novo capítulo simbólico nesta terça-feira (2/12). Depois de uma reunião que encerrou o apoio do partido à candidatura de Ciro Gomes (PSDB) no Ceará, Michelle Bolsonaro publicou uma foto posando ao lado de um boneco de papelão de Jair Bolsonaro – réplica em tamanho real do ex-presidente – acompanhada do senador Flávio Bolsonaro, do deputado André Fernandes e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
A imagem surge após uma série de ataques públicos entre Michelle e os filhos de Bolsonaro, motivados pela articulação política no Ceará. A ex-primeira-dama havia criticado duramente a aproximação com Ciro, costurada por Fernandes e avalizada por lideranças do partido, o que gerou forte reação de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro.
Apesar da tensão, Michelle escreveu que “oração, conversa sincera e união” são o caminho para superar a crise. O próprio André Fernandes postou registro ao lado dela e afirmou que tudo não passou de um “ruído de comunicação”, destacando que Bolsonaro sempre soube das tratativas no estado.
Desde que o STF impediu o ex-presidente de usar as redes sociais, o boneco de papelão tem sido presença constante em eventos do PL — uma forma de marcar simbolicamente a presença de Bolsonaro, hoje preso preventivamente na sede da PF.
Outros nomes da sigla, como o deputado Sóstenes Cavalcante, já haviam exibido o boneco em manifestações, tratando a situação como “censura”.
Entenda a crise
O estopim do conflito ocorreu durante o lançamento da candidatura de Eduardo Girão ao governo do Ceará, quando Michelle criticou publicamente a possibilidade de aliança com Ciro Gomes. Ela ressaltou que o ex-ministro do PDT sempre atacou Bolsonaro e sua família, afirmando que não via sentido político – nem moral – na composição.
A resposta veio rapidamente. Flávio Bolsonaro classificou a postura de Michelle como “autoritária”, dizendo que ela desconsiderou a orientação do ex-presidente. Carlos e Eduardo Bolsonaro reforçaram o discurso do irmão, afirmando que a aproximação com Ciro tinha o aval paterno e deveria ser respeitada.
Nesta terça, Flávio visitou o pai na PF e disse que conversou com Michelle para “dissipar mal-entendidos”, afirmando que o clima entre eles foi pacificado. Michelle, por sua vez, manteve a crítica à aliança, mas declarou respeito aos enteados e reafirmou que continuará expressando suas opiniões.
Com o recuo oficial do PL no apoio a Ciro, a legenda tentará encontrar um novo nome para disputar o governo do Ceará, enquanto busca recompor sua unidade interna antes das eleições de 2026.






