Da Redação
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta segunda-feira (1º) que a Polícia Federal realize uma avaliação médica completa no general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional no governo Bolsonaro. A medida ocorre após a defesa do militar apresentar versões contraditórias sobre um suposto diagnóstico de Alzheimer — argumento utilizado para solicitar prisão domiciliar.
Heleno, condenado a 21 anos de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado, afirmou durante exame de corpo de delito, em 26 de novembro, que convivia com a doença desde 2018. Poucos dias depois, seus advogados apresentaram nova data: janeiro de 2025, após uma investigação clínica iniciada no fim de 2024.
Com as divergências, Moraes ordenou que a PF conduza uma perícia aprofundada, revisando o histórico médico do general e realizando testes laboratoriais e neurológicos, além de possíveis exames de imagem, como ressonância magnética ou PET scan. A análise deve focar na memória, em outras funções cognitivas e em eventuais limitações decorrentes das condições alegadas.
Heleno está preso desde 25 de novembro, dia em que sua condenação foi confirmada, e cumpre pena no Comando Militar do Planalto. A defesa afirma que o regime fechado ameaça sua integridade física, sustentando que o general de 78 anos apresenta demência mista em estágio inicial, além de quadros depressivo e ansioso.
Mesmo com a Procuradoria-Geral da República defendendo a concessão de prisão domiciliar — considerada mais adequada diante da idade avançada e das condições clínicas do réu —, Moraes ainda espera esclarecimentos adicionais. Entre eles, quer saber se o suposto diagnóstico chegou a ser informado a órgãos oficiais quando Heleno ainda ocupava cargo no governo, entre 2019 e 2022.
O episódio reacende tensões políticas e jurídicas em torno dos desdobramentos do 8 de janeiro, envolvendo um dos nomes mais emblemáticos do antigo núcleo militar do Planalto.






