SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nos meses de Enem e dos principais vestibulares, que agora entram em sua segunda fase, a rotina dos estudantes costuma se intensificar a ponto de gerar desgaste físico e emocional. A pressão por resultados, o medo de fracassar e a ansiedade criam um ambiente que favorece o esgotamento, que, em casos extremos, pode evoluir para burnout, quadro de exaustão provocado por estresse prolongado.

Antes desse limite, porém, muitos jovens já apresentam sinais claros de sobrecarga. Ansiedade persistente, irritabilidade, dificuldade de concentração, cansaço contínuo, sensação de insuficiência e alterações de sono. Em um período marcado por expectativa e comparação, falar sobre saúde mental se tornou imprescindível.

Entre pressões externas e expectativas pessoais, colégios ouvidos pela Folha de S.Paulo adotaram medidas diversas para aliviar o peso da maratona dos exames. Os coordenadores apresentam dicas para alunos e professores. A meta é evitar que o caminho até a universidade se transforme em um gatilho de adoecimento

Ana Bergamin, coordenadora pedagógica do Colégio Vera Cruz, em São Paulo, concorda sobre a dificuldade do período. “O calendário de vestibulares é cruel”. Ela diz que o papel da escola é preservar a autoestima dos estudantes. “É muito adoecedor fazer provas tão importantes em uma sociedade que fala em sucesso o tempo todo. Temos que afirmar que eles conseguem.”

A escola afirma que o acompanhamento psicológico e a atenção de professores a sinais de esgotamento, que podem se agravar rapidamente.

Em algumas escolas, a saída encontrada foi desacelerar. O Centro Educacional Pioneiro, na zona sul de São Paulo, criou o projeto “Respira, Terceirão!”, voltado a regular emoções e recentrar o foco dos estudantes. “Nessa altura do ano, o que mais ajuda é o cuidado com o bem-estar. Quando o aluno está centrado e tranquilo, ele responde melhor”, afirma Mario Fioranelli, diretor pedagógico do ensino fundamental e médio.

A programação inclui oficina de percussão, rodas de conversa, pintura de um espaço da escola e até futebol de sabão —ideia dos próprios alunos. A proposta é mostrar que serenidade e presença são parte do desempenho. “Eles já se prepararam o ano todo. Agora é hora de cuidar da mente para que o corpo acompanhe”, diz Fioranelli.

Para o coordenador do ensino médio André Rebelo, do Colégio Vital Brasil o estresse e o medo antes das provas são naturais. O desafio, afirma, é administrar essas emoções. Ele recomenda que os estudantes mantenham em vista o curso e a instituição desejados e lembra que “cada prova é uma prova”.

O Colégio Vital Brasil oferece disciplinas como Projeto de Vida e Orientação Profissional, além de promover atividades de alívio, como o “Sarau do Enem” e a “Pizzada da Fuvest”.

O QUE FAZER

A coordenadora de Orientação Educacional do Colégio Dante Alighieri, Miriam Guimarães, recomenda dez dicas para vestibulandos:

1- Ter uma rotina de estudos bem definida, separando o tempo e o espaço de estudo do de descanso. Se possível, deixar fora do quarto o material de estudo;

2- Utilizar as pessoas de sua rede de apoio, que possam ouvir e dar apoio no momento de estresse —sobretudo amigos ou parentes que não façam cobranças.

3- Participar de atividades em grupo (como esporte, por exemplo) para distrair o pensamento e ajudar a desviá-lo do vestibular

4- Utilizar técnicas de relaxamento e respiração para momentos de ansiedade

5- Evitar comparar seu desempenho com o de colegas;

6- Desligar celular e telas pelo menos 2 horas antes de dormir para reduzir estímulos visuais de luz de telas;

7- Mater rotina de sono, indo dormir no mesmo horário para treinar o corpo a descansar mais facilmente

8- Evitar substâncias estimulantes; cada organismo tem um ritmo e os efeitos têm duração diferente, podendo comprometer o desempenho seriamente.

9- Reconhecer as próprias conquistas, resgatando as conquistas e validando os esforços até o momento.

10- Ter em mente que há uma grande parte que não controlamos e, portanto, precisamos apenas cuidar do que podemos controlar