SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Wagner Moura e o filme “O Agente Secreto” saíram vencedores do New York Film Critics Circle Awards, premiação realizada pelo mais antigo grupo de críticos dos Estados Unidos. Com isso, aumenta a expectativa de que o longa de Kleber Mendonça Filho receba indicações no Oscar.
Moura ganhou o prêmio de melhor ator, enquanto “O Agente Secreto” foi eleito o melhor filme internacional. É a primeira vez que um profissional brasileiro ganha essa premiação na categoria de atuação.
No caso de Kleber Mendonça Filho, é a segunda vez que o diretor é laureado. Em 2020, ele levou o troféu de melhor filme internacional por “Bacurau”.
Lançado em novembro, “O Agente Secreto” é um thriller que se passa em dois tempos, mas a ação principal acontece em 1977, durante a ditadura militar. No tempo atual, duas pesquisadoras ouvem fitas cassetes com conversas gravadas dos personagens daquela época e tentam desvendar o destino de Marcelo, personagem de Wagner Moura que chega a Recife dirigindo um Fusca amarelo no meio de um Carnaval.
Em Recife, Marcelo se junta a um grupo de refugiados após ser ameaçado de morte por um empresário ligado ao governo. Com outra identidade, ele busca respostas do seu passado e luta para sobreviver.
Em maio, Mendonça Filho saiu vencedor do Festival de Cannes, com o troféu de melhor direção pelo filme, e Moura foi laureado no mesmo evento com a premiação de melhor ator, consagrações que atraíram ainda mais atenção internacional para o longa.
Uma prova do prestígio internacional do filme é o fato de ele ter estampado a capa da edição de dezembro da lendária revista francesa Cahiers du Cinéma.
A divulgação da capa antecipou o lançamento da edição da revista que anunciou a aguardada lista de melhores filmes do ano, compartilhada anualmente pelos organizadores da Cahiers. Junto de títulos como “Uma Batalha Após a Outra”, o filme estrelado por Moura ficou na quarta posição.
Essa não foi a única publicação de prestígio a elogiar a produção. “O Agente Secreto” foi descrito pelo New York Times como um filme “arrebatador” e a atuação de Moura foi classificada como “bela”. A avaliação foi atribuída por Manohla Dargis, crítica do veículo que concedeu à produção o selo “NYT Critic’s Pick” -“escolha da crítica do New York Times”, em tradução livre.
“Em sua mais recente obra arrebatadora, ‘O Agente Secreto’, o cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho abraça uma sensibilidade irreverente e encontra humor em meio ao terror. Ambientado em 1977, durante a ditadura militar, o filme evita em grande parte os corredores do poder político e, em vez disso, se passa ao sol, no chão, onde as pessoas vivem o aqui e agora”, escreveu Dargis.
Além do sucesso de crítica, o filme também foi bem recebido pelo público. O longa já vendeu mais de 910 mil ingressos e deve se tornar o segundo filme brasileiro lançado neste ano a alcançar a marca de 1 milhão de espectadores.
Em razão do sucesso, Wagner Moura já se prepara para a campanha ao Oscar. Por isso, diz que pegou dicas com Fernanda Torres, indicada a melhor atriz por “Ainda Estou Aqui”
“Conversei com Waltinho [Walter Salles], com aquela sabedoria dele que me orienta muito. Falei também com Nanda [Fernanda Torres]. Estou com gás para a campanha”, disse ele, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.
Apesar da boa recepção, “O Agente Secreto” enfrenta uma disputa acirrada no Oscar do próximo ano. Um dos principais rivais é “Foi Apenas um Acidente”, vencedor da Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes, e que levou o prêmio de melhor direção dos críticos de Nova York.
O filme chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (4) e conta a história de um homem que acredita ter reencontrado o torturador que arruinou a sua vida no tempo em que foi mantido preso. Após sequestrá-lo, ele fica em dúvida sobre a sua verdadeira identidade.
Diretor do longa, Jafar Panahi foi sentenciado a um ano de prisão pelo Tribunal Revolucionário Islâmico em Teerã. O diretor iraniano também foi proibido de viajar para o país durante dois anos por suas “atividades de propaganda” contra o Irã.
“Panahi está fora do Irã neste momento”, disse o advogado do diretor à AFP. Também foi confirmado que a defesa do artista irá recorrer da decisão tomada pelo tribunal.



