RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, sugeriu nesta terça-feira (2) rebatizar o segundo maior campo de petróleo do Brasil em homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, já se chamou Lula: recebeu o nome em 2010, último ano do segundo mandato do presidente da República, mas a mudança foi revertida em 2020, no governo Jair Bolsonaro (PL), em cumprimento a determinação judicial.
Em discurso em Ipojuca (PE), ao lado do presidente, Magda disse que o campo “muito provavelmente [será] Lula de novo… Já, já”.
Tupi foi a primeira grande descoberta do pré-sal e foi o maior campo produtor do país por anos. Perdeu o posto em 2025, com o aumento da produção do campo de Búzios, também no pré-sal da Bacia de Santos.
Sua descoberta, em 2006, confirmou que o Brasil tinha reservas gigantes de petróleo abaixo de uma camada de sal no subsolo marinho da região Sudeste, que levaram o Brasil a se tornar um grande exportador da commodity.
A mudança de nome foi pedida em ação civil pública movida em 2015 pela advogada Karina Pichsenmeister Palma, sócia de um escritório em Porto Alegre, alegando que a homenagem gerou indevida e ilegal promoção do então ex-presidente e lesão ao patrimônio público.
Ela obteve vitória em primeira instância em 2017. Em 2020, o processo foi encerrado pelo TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) após o fim do prazo para recursos sem manifestação da Petrobras, já sob gestão bolsonarista.
Magda discursava em evento chamado “Cerimônia de Ampliação da Capacidade da Refinaria Abreu e Lima” que segundo a estatal, celebrou “a modernização do parque de refino da Petrobras, o aumento da oferta de combustíveis no país e o desenvolvimento da região Nordeste”.
É a quarta vez em que a Petrobras organiza eventos com palanque para Lula em 2025. No início do ano, em meio a uma grave crise de popularidade, eles celebraram duas vezes, num intervalo de sete dias, a retomada de contratos na indústria naval brasileira.
Na cerimônia desta terça, a eleição de 2026 foi mencionada, direta ou indiretamente, em dois discursos. Primeiro, o diretor de processos industriais e produtos da Petrobras William França disse que, em breve, Lula será “tetracampeão”, em uma alusão ao título da Libertadores comemorado pelo Flamengo neste sábado (29).
Depois, o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que “eles [os opositores] estão desesperados”. “Mais uma vez, vão perder a eleição, porque quem vai se eleger é o presidente Lula”.
Em seu discurso, o próprio presidente falou que vai precisar de mais um mandato porque quer “aprender a ser presidente”.
O tom foi também de críticas à suspensão de obras da Petrobras após a Operação Lava Jato, que investigou um esquema de superfaturamento e corrupção em contratos da estatal para projetos como a própria Refinaria Abreu e Lima e o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), hoje Complexo de Energias Boaventura.
A refinaria pernambucana foi batizada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) como um “malogro comercial bilionário” em um caderno batizado “Gestão Rnest: uma história que precisa ser contada para não ser repetida”. Em 2021, o tribunal estimava que o custo do projeto subira de US$ 2,4 bilhões para US$ 20,1 bilhões (R$ 13 bilhões para R$ 107 bilhões) desde sua concepção.
“Esse não pode ser o país da obra parada”, disse o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. “Obrigada, presidente, por não desistir da refinaria, por não desistir de Pernambuco, por não desistir das obras paradas”, concordou a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra.



