BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou mais uma vez para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e fez um novo pedido de retirada das tarifas comerciais impostas a produtos brasileiros.

Trump já anunciou o recuo da atrifa adicional de 40% para itens agrícolas, incluindo carne e café, mas o governo brasileiro solicita que a negociação avance rumo à retirada da sobretaxa para o restante dos produtos.

Em nota, o governo brasileiro afirma que o petista “destacou que ainda há outros produtos tarifados que precisam ser discutidos entre os dois países e que o Brasil deseja avançar rápido nessas negociações”.

No contato anterior entre os dois líderes, em outubro deste ano, o petista já havia defendido o fim do tarifaço e solicitado que Trump suspendesse as “medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras” –o republicano havia cassado vistos de auxiliares de Lula e autorizou sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

No comunicado sobre a remoção das tarifas, Trump citou a conversa com Lula. Afirmou ainda que ouviu opiniões de outras autoridades no sentido de que as tarifas não são mais necessárias porque “houve progresso inicial nas negociações com o governo do Brasil”.

No fim de julho, o governo americano impôs uma sobretaxa de 40% a produtos importados pelo Brasil, que somou-se às chamadas “tarifas recíprocas” de 10% aplicadas globalmente. O decreto, no entanto, previu uma lista com quase 700 exceções, como suco de laranja e produtos de aviação, que livrou 43% do valor de itens brasileiros exportados para o exterior, segundo levantamento feito pela Folha.

Em 14 de novembro, o governo americano derrubou a tarifa de 10% das principais exportações brasileiras, como carne e café. Depois, a sobretaxa de 40% também caiu, isentando esses produtos das taxas adicionais aplicadas pelo republicano desde abril.

Lula e Trump chegaram a interagir pessoalmente durante a Assembleia Geral da ONU, na qual Trump afirmou que ambos tiveram “boa química”. O encontro da época foi o primeiro após o anúncio do tarifaço e a sequência de medidas do americano contra o Brasil e demais países do mundo.

Levantamento do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) aponta que 22% das exportações brasileiras (US$ 8,9 bilhões) ainda estão sob efeito da sobretaxa de no mínimo 40% (em alguns casos, de 50%, já que certos itens ainda pagam a taxa de 10% aplicada a todos os países).

Além destes produtos, 15% das exportações (US$ 6,2 bilhões) estão sujeitos à tarifa global e outros 27% (US$ 10,9 bilhões) continuam enquadrados na chamada Seção 232 (que permite impor tarifas por razões de segurança nacional). É o caso, por exemplo, de aço e autopeças.

Na conversa desta terça, os dois também trataram do combate ao crime organizado e concordaram em cooperar com o tema.