RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A mineradora Vale anunciou nesta terça-feira (2) uma redução na projeção de investimentos para os próximos anos, limitando os aportes a um teto de US$ 6 bilhões (R$ 32 bilhões) por ano. A medida, porém, não tem impacto na projeção de produção da companhia para 2030.
A projeção anterior previa investimentos anuais de US$ 6,5 bilhões (R$ 35 bilhões) por ano a partir de 2025. Agora, a companhia fala em US$ 5,4 bilhões a US$ 5,7 bilhões em 2026 (R$ 30 bilhões a R$ 31 bilhões) e “menos de US$ 6 bilhões” nos anos seguintes.
“Acreditamos que podemos ter todo o crescimento que discutimos aqui, além de manter nossas operações em bom nível, com investimento abaixo de US$ 6 bilhões, o que é um dos menores entre nossos concorrentes”, disse o vice-presidente financeiro da mineradora, Marcelo Bacci.
Os principais focos de investimento da companhia estão no programa Novo Carajás, anunciado no início do ano ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e na expansão da produção de cobre, considerado um mineral da transição energética.
Carajás é o hoje o principal polo produtor de minério de ferro da companhia, mas também tem projetos de cobre. O programa de investimentos na região prevê a ampliação da produção de minério a 200 milhões de toneladas por ano e a de cobre, a 350 mil toneladas por ano.
No curto prazo, a projeção de produção total de minério da companhia foi reduzida. A meta para 2026 caiu de 340 a 360 milhões de toneladas por ano para 335 a 340 milhões de toneladas por ano, em resposta às condições de demanda.
Para 2030, porém, a meta foi mantida em 360 milhões de toneladas por ano.
Na apresentação aos investidores, o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, disse que a empresa tem um portfólio único no setor, que permite o crescimento da produção a baixo custo, utilizando infraestrutura já existente.
“Não necessitamos de nenhuma nova licença operacional para entregar esse portfólio”, disse o vice-presidente executivo de operações da companhia, Carlos Medeiros.
A empresa tem hoje uma série de projetos em implantação. Na área de minério de ferro, quatro têm entrega prevista para até 2026, com capacidade de 100 milhões de toneladas por ano -50 milhões delas em uma planta de reprocessamento de subprodutos e rejeitos.
Na área de cobre, há um projeto de expansão em execução -Bacaba, com 50 mil toneladas por ano- e outros cinco em estudo de viabilidade. A meta aqui é atingir uma produção anual de 700 mil toneladas em 2035, quase dobrando a produção atual.
Já na área de níquel, a meta é ampliar a produção dos atuais cerca de 175 mil para algo entre 210 mil e 250 mil toneladas por ano em 2030. Esse segmento é hoje considerado desafiador pela companhia, devido às margens apertadas.
As operações de cobre e níquel são tocadas pela subsidiária Vale Base Metals, que anunciou também nesta terça parceria com a suíça Glencore um acordo para a produção conjunta de reservas de cobre no Canadá.
A Vale tenta convencer investidores a reduzir o desconto que o preço de suas ações tem em relação à média de seus concorrentes, hoje em cerca de 10%, para conseguir retomar posição de destaque entre as principais empresas do setor.
A companhia defende que seu portfólio tem grande flexibilidade para se aproveitar de mudanças no mercado e que pode crescer a baixo custo. Além disso, acredita que o preço do minério de ferro ficará em torno de US$ 100 tonelada nos próximos anos, o que abre a possibilidade de dividendos extraordinários
“Estou certo que poderemos entregar um valor acima da média para nossos acionistas”, concluiu Pimenta, ao fim da apresentação.



