SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Justiça de São Paulo ordenou que Douglas Alves da Silva, 26, preso por atropelar e arrastar Tainara Souza Santos, 31, na zona norte de São Paulo, passasse por exame de corpo de delito para identificar uma possível tortura durante a prisão dele.

Pedido de exame foi feito após Douglas alegar em audiência de custódia que foi agredido ao ser preso. Ele foi detido pela Polícia Civil na noite do domingo, em um hotel no bairro da Vila Alpina.

Juiz quer saber se houve “tortura, maus tratos, violência ou excesso”. Cópias do exame de corpo de delito devem ser enviadas à Corregedoria da Polícia Civil e ao Ministério Público para “tomada das providências cabíveis”.

Polícia alega que homem reagiu à voz de prisão e que tentou tomar a arma de um dos agentes presentes no local. A informação consta no boletim de ocorrência ao qual a reportagem teve acesso, feito após a prisão de Douglas. Segundo a PCSP, o homem foi atendido em um hospital com um ferimento de bala no braço antes de ser levado à delegacia.

Defesa de Douglas contradisse a informação dada pela polícia, afirmando que o suspeito estava dormindo no momento em que foi preso. Em nota enviada à reportagem, o advogado Marcos Tavares Leal afirmou que o homem “se encontrava desarmado e dormindo no quarto de hotel aguardando a chegada de seu advogado para se apresentar a Justiça”.

A reportagem buscou a Polícia Civil para saber se o órgão quer se posicionar sobre o assunto e para saber se alguma investigação interna foi aberta. O espaço segue aberto para manifestação.

RELEMBRE O CASO

Douglas atropelou Tainara Souza Santos, 31, propositalmente na saída de um bar no sábado, afirmaram testemunhas. Imagens mostram que ela foi arrastada pela avenida Morvan Dias de Figueiredo até a rua Manguari, na altura da Marginal Tietê.

Tainara foi arrastada por cerca de um quilômetro antes de ser abandonada ferida. Ela teve as duas pernas amputadas e está internada intubada no Hospital Municipal Vereador José Storopolli.

Douglas fugiu após o crime e foi preso na noite de ontem. Testemunhas contaram à polícia que ele conhecia a vítima e que os dois teriam discutido no bar onde ela estava, conforme informações do boletim de ocorrência.

Uma das testemunhas detalhou que o suspeito puxou o freio de mão do veículo para aumentar o atrito e machucar ainda mais a vítima. Outras pessoas tentaram impedir o crime, mas o agressor acelerou o veículo. A Polícia Civil de São Paulo afirmou que investiga a tentativa de feminicídio. O caso foi registrado no 73° DP (Jaçanã).

‘QUIS DAR UM SUSTO’

Em depoimento, Douglas disse que seu amigo se desentendeu com o homem com quem a vítima estava, informou o delegado Augusto Bícego. O suspeito afirmou que interveio na discussão entre os dois e tomou uma garrafada no rosto, e que depois ele saiu de carro com o amigo, chamado de Kauan.

Momentos depois, ele afirmou que viu a vítima caminhando com o homem e decidiu “dar um susto” no casal. Segundo Douglas, Tainara se “projetou” contra o carro e foi atropelada. O advogado de Kauan, Matheus Lucena, negou a versão do interrogado, a classificando como “fantasiosa e exculpatória”.

Suspeito também disse que percorreu mais de 1 km com a vítima presa ao veículo porque o som do carro estava alto. Ao ser questionado sobre ter arrastado a mulher, voltou a citar o volume do som e afirmou que os vidros do carro estavam fechados.

Amigo disse que Douglas tinha histórico de relacionamento com a vítima. À reportagem, o delegado comentou que o amigo dele já conhecia a vítima.

Suspeito teria histórico de relacionamento com Tainara e ficou “enfurecido”, ao vê-la com outro homem, segundo o delegado. O amigo de Douglas afirmou à polícia que ele não gostou de ter visto Tainara acompanhada.