SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ação de Douglas Alves da Silva, 26, em atropelar com um carro e arrastar por 1 km uma mulher na manhã de sábado (29) na zona norte de São Paulo, causou indignação na polícia, relataram à reportagem investigadores que acompanham o caso.
Tainara Souza Santos, 31, foi abandonada na marginal Tietê com o corpo desfigurado. Internada, ela segue em coma e precisou amputar as duas pernas na altura do joelho.
Augusto Cesar Pedroso Bicego é o atual delegado titular do 90º DP (Parque Novo Mundo), responsável pela investigação do episódio. Na polícia desde 1996, ele disse à Folha nunca ter visto um caso como esse.
“Ato de barbárie. Isso foge do padrão médio da sociedade. Nada justifica o que ele fez”, disse pouco tempo depois do interrogatório de Douglas, preso na noite de domingo (30).
Assim que Douglas deixou o prédio para ser levado ao Instituto Médico Legal, foi recebido com uma série de xingamentos e ameaças por uma dezena de pessoas na porta da delegacia.
Segundo Bicego, o homem negou que conhecia Tainara antes do caso. O delegado, porém, afirma que a investigação feita até o momento aponta que eles já se relacionaram.
De acordo com a versão apresentada por ele à polícia, ele chegou ao bar na avenida Tenente Amaro Felicíssimo da Silveira na noite de sexta-feira (28). Lá, um amigo seu, Kauan Silva Bezerra, teria brigado com o acompanhante de Tainara. Douglas disse ter tentado interferir e que ficou ferido no rosto ao tomar uma garrafada.
Ao sair, pegou o carro, viu o casal e decidiu acelerar para dar um susto nos dois, ainda segundo contou à polícia. Tainara teria se projetado à frente do carro, sendo atingida.
Ainda de acordo com versão de Douglas, ele teve dificuldade de sair com o carro e, pensando se tratar de um falha mecânica, acelerou e deixou o local.
Ele disse ainda que não ouviu carros buzinarem na marginal para alertá-lo sobre a mulher sob o carro, por estar com os vidros fechados e o som alto. Ao perceber o que havia ocorrido, deixou o local com medo de ser agredido, segundo relatou à polícia.
Douglas foi preso em um hotel da Vila Prudente, na zona leste de São Paulo. O boletim de ocorrência diz que houve resistência e tentativa de retirar a arma de um policial civil no momento da prisão. Por isso, os agentes atiraram nele. A defesa argumenta que não houve resistência à prisão nem troca de tiros.
“Ele estava me aguardando para se entregar quando foi violentamente preso”, diz o advogado Marcos Tavares Leal, em entrevista à Folha. Leal afirma ainda que Douglas estava sangrando durante a audiência de custódia e que foi solicitado atendimento médico.
Douglas estava dirigindo o carro com o amigo no banco do passageiro. Advogado de Kauan, Matheus Lucena afirma que Douglas brigou com outras pessoas no bar.
“O Kauan, ao ver a situação, foi em direção para apartar a briga. Eles saíram do estabelecimento, o Kauan entrou no carro, pegou o celular para falar para a mãe que estava voltando para casa”, relata o advogado.
“O Douglas deu a volta no quarteirão em direção à marginal, quando viu a Tainara fora do estabelecimento com outro rapaz, decidiu então jogar o veículo na direção deles”, diz.
De acordo com o delegado, a versão de Douglas destoou do que disse Kauan e de outros elementos dos autos. “Kauan diz que ele tinha um relacionamento passado com a vítima e ficou enfurecido ao vê-la com outra pessoa”.
Segundo o delegado, em depoimento, Kauan teria dito ter sido ele a fazer Douglas parar o carro.
A prisão de Douglas é válida por 30 dias. A Polícia Civil trabalha para obter mais provas e pedir a preventiva (sem prazo). Até lá ele deve permanecer na carceragem do 26º DP (Sacomã), na zona sul da capital.



