PELOTAS, RS (FOLHAPRESS) – A Omnicom vai cortar mais de 4.000 empregos e encerrar várias marcas conhecidas de agências de publicidade como parte de uma reestruturação imediata após a conclusão de sua aquisição de US$ 13 bilhões da rival americana Interpublic (IPG).
O negócio transformou a Omnicom no maior grupo de publicidade do mundo em receita, ultrapassando o francês Publicis e empurrando o WPP para o terceiro lugar.
A combinação entre Omnicom e IPG, que juntas operam dezenas de agências, resultará no fechamento de alguns dos nomes mais históricos da indústria.
A agência criativa DDB, fundada em 1949 e liderada pelo influente publicitário William Bernbach, e a agência de marketing criativo MullenLowe serão incorporadas à TBWA, da Omnicom, disseram executivos da empresa em entrevista ao Financial Times.
A FCB, que remonta a 1873 e é uma das maiores redes globais de agências pertencentes à IPG, será absorvida pela BBDO, da Omnicom.
O presidente do conglomerado, John Wren, afirmou que mais de 4.000 empregos serão cortados como parte da integração da IPG, principalmente em funções administrativas, mas também em alguns cargos de liderança.
Os cortes, dizem executivos, devem ser vistos no contexto de reestruturações semelhantes em rivais como a WPP, que também deve eliminar postos sob a nova presidente, Cindy Rose.
“Há ganhos de eficiência, que vêm na forma de mão de obra e outras coisas”, disse Wren. “Mas qualquer pessoa que estivesse gerando receita antes de dezembro do ano passado tem uma posição muito boa conosco hoje.”
A nova rodada de demissões se soma às milhares já anunciadas por ambas as empresas desde que o acordo foi firmado no ano passado. A IPG cortou 2.400 empregos no primeiro semestre de 2025, além de cerca de 4.000 no ano anterior, reduzindo seu quadro para cerca de 51 mil funcionários. A Omnicom reduziu 3.000 postos no ano passado, para aproximadamente 75 mil funcionários.
Omnicom e IPG reúnem algumas das maiores agências de propaganda e de relações públicas do Brasil, mas não foi detalhado como a reestruturação afetará as empresas que atuam no país.
Sob o comando da Omnicom estão as agências de publicidade e propaganda AlmapBBDO, EnergyBBDO, Africa Creative, DM9, Lew’LaraTBWA e iDTBWA. Em relações públicas, a Omnicom é dona da CDN, Ketchum e Grupo In Press.
O grupo é dono ainda de operações de branding (Interbrand), mídia digital (Outpromo e Global Shopper) e esportes e entretenimento (Fuse).
Já sob o guarda-chuva da Interpublic, estão as agências de publicidade WMcCann, FCB Brasil, IPG Mediabrands Brasil e R/GA. Em relações públicas, é dono da The Weber Shandwick Collective (TWSC). Tem ainda no portfólio operações de branding (FutureBrand), digital (MRM), saúde (IPG Health) e inovação (Aldeiah).
A fusão entre Omnicom e IPG, duas das quatro maiores agências globais, ocorre em meio a crescente pressão competitiva de gigantes de tecnologia como Google e Meta, que oferecem tanto as ferramentas quanto os canais para esforços de marketing de marcas.
Enquanto isso, tecnologias de inteligência artificial estão minando o valor do trabalho criativo da indústria ao permitir que empresas criem anúncios de forma mais rápida e barata. As ações da Omnicom caíram 17% neste ano em Nova York.
O negócio superou seu último obstáculo na semana passada, quando recebeu aprovação dos reguladores europeus.
A Omnicom irá compartilhar investimentos em ferramentas de tecnologia e plataformas de IA em todo o grupo. “Teremos a maior capacidade e presença em mídia no mundo inteiro”, disse Wren, acrescentando que isso “nos dá uma enorme oportunidade”.
O executivo, que permanecerá como presidente e CEO do grupo ampliado, disse que os benefícios financeiros da fusão superarão os US$ 750 milhões em economias anuais originalmente sinalizados ao mercado. Detalhes serão divulgados no início do próximo ano, acrescentou.



