SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A defesa de Douglas Alves da Silva, 26, preso na noite deste domingo (30) após atropelar e arrastar Tainara Souza Santos, 31, por vias de São Paulo, afirma que ele não tinha envolvimento nem relacionamento com a vítima.

Após audiência de custódia nesta segunda (1º), a Justiça determinou a prisão temporária dele por 30 dias.

Na manhã do sábado (29), Douglas arrastou o corpo de Tainara por cerca de um quilômetro. Ela teve as duas pernas amputadas. De acordo com o advogado de Douglas, Marcos Tavares Leal, em entrevista à Folha, ele teve uma briga momentos antes com um homem, que teria atingido ele com uma garrafa. O homem aparece ao lado de Tainara nas câmeras de segurança da rua usando uma camiseta branca.

O advogado diz ainda que Douglas não percebeu que o corpo de Tainara estava preso ao veículo. “Quando percebeu, ele foi cercado por várias pessoas, ameaçado e conseguiu se evadir do local com medo”, diz Leal.

Em depoimento nesta segunda (1º), Douglas declarou que não conhecia Tainara nem seu acompanhante.

De acordo com o delegado Augusto Cesar Pedroso Bicego, do 90º DP (Parque Novo Mundo), a versão não condiz com o apurado até o momento.

O advogado que representa Tainara relatou à Folha de S.Paulo afirmou que os dois já ficaram algumas vezes, mas a relação não evoluiu para algo sério. O caso foi registrado como tentativa de feminicídio.

De acordo com a versão apresentada por Douglas à polícia, ele chegou ao bar na noite de sexta-feira (28). Lá, o amigo Kauan Silva Bezerra teria brigado com o acompanhante de Tainara. Douglas disse ter tentado interferir e ficou ferido no rosto ao tomar uma garrafada.

Ao sair, pegou o carro, viu o casal e decidiu acelerar para dar um susto nos dois, segundo contou à polícia. Tainara teria se projetado à frente do carro, sendo atingida.

Ainda de acordo com versão de Douglas, ele teve dificuldade de sair com o carro e, pensando se tratar de um falha mecânica, acelerou e deixou o local.

Declarou ainda que não ouviu carros buzinarem na marginal por estar com os vidros fechados e som alto. Ao perceber o havia ocorrido, liberou a saída de Kauan do automóvel e deixou o local com medo de ser agredido, segundo relatou à polícia.

Douglas foi preso na noite deste domingo e foi encontrado em um hotel da Vila Prudente, na zona leste de São Paulo. O boletim de ocorrência diz que houve resistência e tentativa de retirar a arma do policial no momento da prisão. Por isso, a polícia atirou contra Douglas. A defesa, no entanto, argumenta que não houve resistência à prisão nem troca de tiros.

“Ele estava me aguardando para se entregar quando foi violentamente preso”, diz Leal, que relata que Douglas estava sangrando durante a audiência de custódia e que foi solicitado atendimento médico ao cliente.

Douglas estava dirigindo o carro com o amigo Kauan no banco do passageiro. Advogado de Kauan, Matheus Lucena afirma que Douglas, de fato, brigou com outras pessoas no bar.

“O Kauan, ao ver a situação, foi em direção para apartar a briga. Eles saíram do estabelecimento, o Kauan entrou no carro, pegou o celular para falar para a mãe que estava voltando para casa”, relata o advogado.

“O Douglas deu a volta no quarteirão em direção à marginal, quando viu a Tainara fora do estabelecimento com outro rapaz, decidiu então jogar o veículo na direção deles”, diz.

De acordo com o delegado, a versão de Douglas destou do que disse Kauan e de outros elementos dos autos. “Kauan diz que ele tinha um relacionamento passado com a vítima e ficou enfurecido ao vê-la com outra pessoa.”

Douglas estava até o final da tarde no 90º DP. Ele deve ser levado para o IML (Instituto Médico Legal) e, após passar por exame de corpo de delito, será levado para a carceragem do 26º DP (Sacomã).

O CASO

Douglas atropelou Tainara na manhã deste sábado (29) no Parque Novo Mundo, na zona norte de São Paulo. Ele a atingiu com um Golf preto em uma avenida que dá acesso à marginal Tietê e continuou dirigindo mesmo com o corpo dela preso ao veículo.

Câmeras de segurança registraram o atropelamento. Motoristas que estavam nas proximidades também filmaram o carro com o corpo da mulher sendo arrastado em um trecho da marginal Tietê.

Após o atropelamento, policiais militares recorreram a imagens de câmeras de segurança e dados de radares da região para identificar o suspeito. Os PMs chegaram a um endereço que seria o dele, mas ele não estava lá.

Segundo o boletim de ocorrência, o atropelamento ocorreu perto de um bar, e as pessoas que estavam nele presenciaram todo o episódio.

Um funcionário do estabelecimento disse à polícia que o motorista agiu de forma intencional, atropelando e passando por cima da vítima.

Quando a mulher já estava sob o veículo, o motorista ainda teria puxado o freio de mão e feito movimentos bruscos com o carro.