SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A USP (Universidade de São Paulo) ocupou a 32ª posição em um ranking internacional que avalia universidades e instituições de ensino superior pela sua projeção em ciências interdisciplinares (ISR, na sigla em inglês) para o ano de 2026.

A lista foi produzida pela Times Higher Education (THE), revista britânica que fornece avaliações do setor de ensino de nível superior a partir de análises de dados, em parceria com o Schmidt Science Fellows.

O principal critério para esse ranking é a capacidade das instituições de ensino superior em realizar e promover a ciência interdisciplinar, que envolve a colaboração entre diferentes áreas para descrever problemas e solucionar desafios globais complexos. Neste ano, foram analisadas 911 instituições de ensino de 94 países.

Entre as universidades brasileiras, a USP é a mais bem posicionada, com um score (pontuação) geral de 73,2 (ver metodologia abaixo). Atrás dela, na posição 86ª, aparecem a Unesp (Universidade Estadual Paulista), com 63,1 pontos, e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), na 144ª posição, com 55,5 pontos. Há outras 34 instituições brasileiras na lista.

No ano anterior, a USP ocupou a 57ª posição —ou seja, subiu 25 posições na nova avaliação.

Considerando o top geral, o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) é vencedor pelo segundo ano consecutivo, com 93 pontos, seguido pela Universidade de Stanford (89,9). Outras cinco instituições dos Estados Unidos ocupam o top dez, duas de Singapura e uma holandesa.

A THE considera para o ranking como ciência interdisciplinar qualquer projeto de pesquisa que compreenda múltiplas áreas da ciência ou então que combine uma ou mais disciplinas científicas (Stem, sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática) com outras não Stem (como ciências sociais, educação, psicologia, direito, economia e saúde).

A metodologia utilizada consiste em três pilares: inputs (19% da avaliação –quem financia a pesquisa interdisciplinar), process (16% –se há infraestrutura e pessoal para tal) e outputs (65% –quantidade e qualidade das publicações científicas produzidas). Cada pilar é dividido em diferentes métricas para medir diferentes aspectos dessa etapa. Há 11 métricas no total.

O pilar de input é dividido em duas métricas: financiamento da pesquisa interdisciplinar (8% do total) e financiamento da indústria (11%). A primeira métrica representa a proporção de financiamento de pesquisa em disciplinas científicas ou de saúde dedicadas à ciência interdisciplinar. A segunda é o montante de financiamento que vem da indústria dividido pelo número de acadêmicos da universidade que realizam pesquisa em ciências.

O segundo pilar (process) avalia a infraestrutura universitária, e é dividido em quatro métricas: as medidas de sucesso de cada universidade (4%), infraestrutura (4%), apoio administrativo (4%) e promoção e estabilidade de profissionais (4%) na área interdisciplinar.

Por fim, o terceiro pilar (outputs) tem como objetivo avaliar as publicações científicas na área interdisciplinar. Ela é dividida em cinco métricas: número de publicações de pesquisa científica interdisciplinar pelo total de pesquisadores (10%); proporção de publicações de pesquisa interdisciplinar pelo número total de publicações científicas (5%); utilidade fora da disciplina (5%); qualidade da pesquisa científica interdisciplinar (20%) e reputação (25%).

A USP pontuou mais alto no segundo (75) e terceiro (72,6) pilares, mas a Unesp teve a pontuação mais elevada no financiamento à pesquisa (82,8, ante 73,9 da USP).

Para Paulo Nussenzveig, pró-reitor de Pesquisa e Inovação (PRPI) da universidade, a subida da USP de 25 posições se deveu a uma atenção especial dada pela PRPI, juntamente com o Egida (Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico). “Nós criamos um grupo de trabalho que buscou informar, da maneira mais cuidadosa possível, aquilo que caracteriza a atuação interdisciplinar da USP e isso se refletiu no reconhecimento internacional da universidade”, disse.

Nussenzveig esteve na cerimônia de divulgação da lista, em Washington, no último dia 20. Segundo ele, a ciência interdisciplinar é não só a que mais cresce no mundo —em termos de publicações e citações científicas—, mas também o caminho do futuro. “É uma característica muito forte da universidade, apontada principalmente por pessoas de fora, que nos dizem como os projetos interdisciplinares aqui conduzidos seriam impossíveis de ser realizados em suas universidades de origem. Por isso, ser a 32ª do mundo, é compreender que a USP é um grande centro científico que permite abordar desafios para os quais é preciso encontrar soluções de modo a melhorar a vida nas nossas sociedades.”

Além da categoria de ciências interdisciplinares, a THE produz levantamentos em áreas como: ensino (ambiente de aprendizagem), ambiente de pesquisa (volume, renda e reputação), qualidade da pesquisa (impacto da citação, força da pesquisa, excelência da pesquisa e influência da pesquisa), perspectiva internacional (equipe, alunos e pesquisa) e indústria (renda e patentes).