SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O influenciador Hytalo Santos disse em depoimento à Justiça que se sente constrangido em responder a processo depois de “ter feito tanto por essas crianças”. Hytalo e o marido, Israel Vicente, estão presos desde agosto, após o youtuber Felipe Bressanim, o Felca, ter publicado vídeo denunciando processo de adultização de crianças e adolescentes. Eles foram denunciados pelo Ministério Público pelos crimes de tráfico humano, exploração sexual e produção e divulgação de pornografia infantil.

“Eu me sinto até um pouco constrangido por ter feito tanto por essas crianças, tanto por esses adolescentes que estão colocados aqui nos autos e ter que responder, por mais que seja obrigatório estar respondendo aqui, mas me dói, me dói muito”, afirmou em audiência. O depoimento foi exibido pelo Fantástico, da TV Globo.

De acordo com a Promotoria, Hytalo e o marido publicavam vídeos nas redes sociais com adolescentes dançando, alguns deles vivendo com o casal em um condomínio fechado em Bayeux, região metropolitana de João Pessoa.

O influenciador afirmou que os vídeos publicados em suas redes mostravam apenas a rotina deles e coreografias do ritmo brega funk.

“Eu nunca cheguei a gravar vídeos com cenas pornográficas nem com cunho sexual. E a gente só gravava a nossa rotina com a cultura de periferia, que é de onde eu venho. Entre Recife e João Pessoa, o ritmo mais escutado hoje, daqui, produzido e está no Brasil inteiro, é o ritmo de brega funk. Que as coreografias e os passos usados por alguns é visto com esse olhar [pornográfico]. Mas para a gente que é da periferia é arte”, explicou.

Questionado pelo promotor se nunca viu comentários nos vídeos de que o conteúdo poderia ser considerado pornográfico, sexual, ele negou.

“Como nossos vídeos tinham muita repercussão, vossa excelência, os comentários chegavam a ter 20 mil comentários, 30 mil comentários. E a maioria dos comentários era baseada na força de cada personagem, como era visto por eles”, disse.

Ele disse que não era remunerado pelo conteúdo publicado. Afirmou que tinha renda entre R$ 400 mil e R$ 600 mil, provenientes de publicidades e de rifas autorizadas.

Hytalo negou que os adolescentes fossem remunerados, mas disse que ajudava os pais.

“Os pais eram, mas não por obrigação, não por combinado, eu me sentia no direito de fazer por eles”, afirmou.

Israel Vicente afirmou em depoimento que eles e os adolescentes que moravam na casa tinham convívio familiar.

Após a repercussão do vídeo denúncia de Felca, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), grupo do Ministério Público da Paraíba, pediu a prisão de Hytalo e Israel. Eles foram detidos em São Paulo e transferidos para a Paraíba.

Sean Kombier Abib, advogado que defende o casal, negou que os vídeos fossem pornográficos.

“Eles podem ser vistos como sensuais, mas a lei não criminaliza o ato sensual. Ela criminaliza o ato pornográfico. E a pornografia não está demonstrada”, afirmou.