Da Redação
Um novo levantamento do Observatório Nacional de Segurança Viária, em parceria com a UFPR, colocou Goiânia em uma posição desconfortável: a capital é a segunda no País com mais radares de velocidade em relação à quantidade de veículos. Para cada 10 mil carros registrados na cidade, existem 5,83 equipamentos, quase o dobro da média nacional, que é de 2,9.
Com uma frota superior a 1,4 milhão de veículos, isso significa que Goiânia opera cerca de 140 radares, a maior parte deles instalada dentro do perímetro urbano — fator que levou o município ao 1º lugar do ranking nacional quando se considera apenas vias internas. Nas rodovias, aparece na 5ª posição. A discrepância chama atenção principalmente quando comparada a outras capitais: Brasília, por exemplo, lidera a lista geral, enquanto Florianópolis quase não utiliza esse tipo de fiscalização.
Mas, apesar da extensa rede de equipamentos, nenhum deles está funcionando neste momento.
Um sistema robusto — e desligado
Desde as 18h de sexta-feira, 28 de novembro, todos os radares foram desativados. A suspensão foi anunciada pela Anhanguera Segurança, empresa responsável pela operação do Centro de Controle Operacional (CCO) e parte do consórcio contratado pela prefeitura. O motivo: R$ 7,9 milhões em pagamentos atrasados.
Em comunicado, a empresa afirmou que tentou negociar com o município, mas não obteve avanço, classificando a paralisação como inevitável diante da situação financeira.
A Secretaria Municipal de Engenharia de Tráfego confirmou a existência de valores pendentes, mas afirmou que os pagamentos estão programados para a próxima semana. A pasta também criticou a interrupção, avaliando que ela não deveria ter ocorrido e assegurou que não há risco de abandono definitivo da fiscalização eletrônica.
Um problema que se repete
A cidade já viveu um cenário semelhante recentemente. Em junho de 2024, os radares semafóricos foram desligados após um impasse com a empresa Eliseu Kopp, cujo contrato foi encerrado após atrasos da própria prefeitura. O apagão durou mais de oito meses, período em que infrações como avanço de sinal e excesso de velocidade aumentaram de forma significativa, segundo relatos de órgãos de trânsito.
O novo desligamento reacende o temor de que 2025 comece com o mesmo ambiente de insegurança, criando um contraste pouco comum: uma das capitais mais vigiadas do País está, temporariamente, sem fiscalização alguma.
Impacto na segurança
Especialistas alertam que a ausência momentânea de monitoramento eletrônico pode prejudicar indicadores de segurança viária, facilitar condutas arriscadas e comprometer a coleta de dados essenciais para o planejamento do trânsito.
Enquanto isso, motoristas e técnicos assistem, novamente, ao que já virou um paradoxo goianiense: a cidade com uma das maiores densidades de radares do Brasil convive, ao mesmo tempo, com sucessivos apagões que deixam todo o sistema fora do ar.






