Da Redação
A ideia de que “beber só de vez em quando não faz mal” continua popular, mas especialistas afirmam que essa percepção está longe da realidade. Mesmo quando o consumo acontece apenas em festas, encontros sociais ou fins de semana, o álcool desencadeia efeitos imediatos no organismo e pode contribuir para problemas sérios ao longo dos anos.
Para autoridades de saúde, já é considerado consumo excessivo quando uma mulher ingere quatro ou mais doses de uma vez, ou quando um homem ultrapassa cinco doses em uma única ocasião. E isso inclui situações comuns como três taças de vinho e um drinque em um jantar.
O que acontece no corpo no longo prazo
Assim que o álcool é metabolizado, ele é transformado em acetaldeído, composto tóxico que pode causar danos ao DNA em regiões como boca, garganta, fígado, intestino e mamas. Cada tentativa do corpo de reparar essas agressões abre espaço para mutações — o que eleva o risco de vários tipos de câncer.
Segundo pesquisadores, esses impactos se acumulam principalmente com a repetição ao longo do tempo. Embora uma única bebedeira não seja suficiente para provocar doenças graves, ainda não há estudos conclusivos sobre os efeitos de décadas de consumo intenso, mesmo que eventual.
Outro ponto que não deve ser ignorado é o potencial viciante do álcool. O hábito de “exagerar só às vezes” pode, sem perceber, se transformar em um padrão regular.
E no curto prazo? Também há perigos
Mesmo o consumo esporádico pode desencadear problemas imediatos. Um deles é a chamada “síndrome do coração de feriado”, que costuma surgir após noites de exagero em períodos festivos. A condição provoca alteração nos sinais elétricos do coração e pode resultar em fibrilação atrial — situação que aumenta o risco de AVC e insuficiência cardíaca, sobretudo em pessoas mais velhas ou hipertensas.
Na maioria das vezes, o quadro se resolve em um dia. Mas se houver dor no peito, falta de ar ou tontura, é preciso buscar atendimento rapidamente.
Outro risco importante está no comportamento: ao afetar as áreas do cérebro responsáveis por julgamento e autocontrole, o álcool facilita decisões impulsivas. Não à toa, feriados e celebrações apresentam picos de acidentes de trânsito ligados à bebida.
Como reduzir danos ao beber
Quem pretende consumir álcool, mesmo ocasionalmente, pode adotar práticas que diminuem — embora não eliminem — os impactos:
Comer antes de beber. Um estômago cheio reduz a velocidade de absorção do álcool.
Alternar bebida alcoólica e água. Ajuda na hidratação e costuma aliviar a ressaca.
Esquecer o mito do “vinho saudável”. Cientistas reforçam que todo álcool vira acetaldeído, independentemente da bebida.
Respeitar seus limites. Quem bebe raramente tem tolerância menor e pode perder a noção mais rápido.
Não confiar em truques para “ficar sóbrio”. Banho frio, café forte ou comprimidos não aceleram o processo — só o tempo faz isso.
Em resumo, beber pouco não significa beber sem riscos. Quanto mais consciência e moderação, menor é o impacto no corpo e no comportamento.






