Da Redação
O desempenho financeiro dos Correios voltou a acender um alerta vermelho dentro da estatal. Somente até setembro, a empresa acumulou um prejuízo de aproximadamente R$ 6 bilhões, um resultado expressivamente pior que o observado no mesmo intervalo de 2024, quando as perdas ficaram em torno de R$ 2,1 bilhões. O balanço foi validado pelo Conselho de Administração na última sexta-feira.
Segundo comunicado interno, o terceiro trimestre reforçou a tendência negativa: queda contínua nas receitas, aumento das despesas operacionais e maior pressão de custos ligados a ações judiciais e compromissos trabalhistas. O trimestre, sozinho, registrou R$ 1,69 bilhão de déficit, mais que o dobro do verificado no ano anterior.
A estatal atribui o cenário à redução progressiva da demanda por serviços postais tradicionais, somada ao impacto da inflação, reajustes de pessoal, encarecimento de insumos e aumento da complexidade logística em escala nacional. O documento destaca ainda que o setor privado tem avançado rapidamente com modelos mais ágeis, flexíveis e de menor custo fixo, ampliando a concorrência sobre o mercado dominado historicamente pelos Correios.
Primeiro semestre já mostrava deterioração
Entre janeiro e junho deste ano, a empresa já acumulava prejuízo de R$ 4,3 bilhões, sendo R$ 2,6 bilhões apenas no segundo trimestre. Para efeito de comparação, no mesmo período de 2024, a perda foi de R$ 553,1 milhões. O fluxo de caixa segue crítico, com déficit mensal estimado em R$ 750 milhões.
Projeções internas apontam para um possível rombo de R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 23 bilhões em 2026 caso o plano de reestruturação não avance.
Busca por crédito e primeiras ações
Diante do agravamento das contas, a estatal está prestes a fechar um empréstimo bilionário para aliviar o caixa no curto prazo. Como os bancos pediram juros elevados em um primeiro momento, a direção decidiu renegociar e tentar captar recursos com taxas próximas a 120% do CDI, patamar considerado mais aceitável para operações garantidas pela União.
A expectativa é garantir pelo menos R$ 10 bilhões rapidamente para iniciar a execução das primeiras etapas do plano de recuperação.
No documento divulgado na sexta-feira, os Correios afirmam que, a partir do próximo ano, pretendem avançar com medidas estruturais voltadas à eficiência e ao corte de gastos. Entre as ações previstas estão reorganização de unidades pouco produtivas, modernização tecnológica, automação de processos logísticos, reforço no controle de passivos e redução do déficit do Postal Saúde. A meta é estancar desperdícios e recuperar competitividade no mercado.






