SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse neste domingo (30) que vai investigar informações divulgadas pela imprensa sobre um duplo ataque realizado por Washington contra uma embarcação no Caribe, sob suposta ordem do secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, de que todas as pessoas no barco fossem mortas.

Reportagens da CNN e do jornal americano The Washington Post disseram na sexta-feira (28) que as forças militares americanas, após uma primeira ofensiva contra um barco que supostamente transportava narcóticos no dia 2 de setembro, realizaram um segundo bombardeio para matar dois sobreviventes que se agarravam à embarcação em chamas.

“Vou investigar isso”, disse Trump a jornalistas a bordo do Air Force One. “Não sei nada a respeito. Ele [o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth] afirma que não ordenou isso, e eu acredito nele”, acrescentou o presidente, baseando-se nas negações do chefe do Pentágono.

Uma das pessoas ouvidas pelo Washington Post afirmou que a ordem de Hegseth era “matar todos”; ele nega, dizendo que se trata de “notícias falsas”. Questionado se gostaria que um segundo ataque fosse feito nessa situação, Trump disse: “Não, não teria desejado isso. Pete diz que não aconteceu”, repetiu.

Desde setembro, as forças militares dos EUA realizaram uma série de ataques contra embarcações com o argumento de combater o narcotráfico na Venezuela. A mobilização americana inclui navios, caças, milhares de militares e o maior porta-aviões do mundo. Caracas afirma que as manobras não têm como objetivo combater o narcotráfico, mas sim derrubar o regime do ditador Nicolás Maduro.

O Departamento de Justiça dos EUA defende que as operações são legais, mas o Alto Comissário da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, instou Washington a investigar a legalidade dos ataques, após afirmar que existem “provas contundentes” de que constituiriam “execuções extrajudiciais”.

Também neste domingo, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, afirmou que o órgão formará uma comissão especial para investigar os ataques mortais de Washington contra barcos na costa venezuelana e no Oceano Pacífico. À TV estatal Rodríguez disse que a investigação analisará a reportagem publicada na sexta pelo Washington Post.

A bordo do Air Force One, Trump também confirmou que conversou por telefone com o ditador da Venezuela, como havia dito reportagem publicada na sexta pelo jornal The New York Times. Trump não disse, porém, sobre o que falou com Maduro, que vê crescente pressão dos EUA contra o regime.

Segundo o New York Times, os líderes teriam discutido a possibilidade de Maduro visitar os EUA e se encontrar com Trump. Pessoas próximas ao regime venezuelano disseram ao NYT que não havia visita programada.

A Venezuela pediu ajuda à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para deter o que chamou de agressão dos Estados Unidos, segundo uma carta de Maduro divulgada neste domingo (30).