Da Redação

A Black Friday de 2025 não chega apenas como mais uma data promocional, mas como um marco de transformação no varejo brasileiro. O comportamento do consumidor mudou, o comércio se digitalizou de vez e as ofertas deixaram de se concentrar em um único dia para ocupar praticamente todo o mês de novembro. Com maior confiança na economia e um avanço consistente do comércio online, o setor projeta um dos ciclos de crescimento mais fortes dos últimos anos.

Projeções da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce (Abiacom) apontam para uma movimentação de R$ 13,34 bilhões neste ano – um salto de quase 15% em relação a 2024. O tíquete médio estimado, de R$ 808,50, reflete o apetite por itens de maior valor agregado, como eletrônicos e produtos para casa. Para o presidente do Sindilojas Rio, Aldo Gonçalves, o fenômeno já não cabe mais no formato tradicional. “A Black Friday virou temporada, não um dia específico. O consumidor passou a acompanhar preços o mês inteiro.”

A digitalização segue ditando as regras do jogo. De acordo com a Wake, 83% dos compradores devem recorrer aos marketplaces, enquanto 72% pretendem comprar diretamente nos sites das marcas. Redes sociais desempenham papel decisivo: 80% dos consumidores utilizam o TikTok para buscar análises e tutoriais antes de fechar uma compra; no Instagram, esse percentual chega a 83%. A especialista Camila Duarte explica que o novo consumidor é altamente guiado por validações. “A jornada começa no vídeo, passa pelos comentários e termina na oferta mais transparente.”

Essa influência reflete em outro dado expressivo: 88% dos entrevistados afirmam ter comprado produtos de marcas pouco conhecidas durante a Black Friday, impulsionados por criadores de conteúdo, cupons e avaliações positivas.

O setor supermercadista também vem surfando essa onda. Em 2024, as vendas de bazar cresceram mais de 26%, com panelas, itens de organização e pequenos eletrodomésticos ganhando protagonismo nas gôndolas. Segundo o analista Luís Mendonça, esse movimento deve continuar: “O consumidor vai ao supermercado para compras básicas e acaba levando itens para casa ou presentes antecipados. É uma oportunidade enorme de ampliação do ticket médio.”

Para dar conta da demanda, varejistas intensificaram o planejamento. Negociações com fornecedores começaram meses antes, e a integração entre estoque físico e digital se tornou prioridade, facilitando serviços como o “retire na loja”, que alivia a logística e acelera entregas. No ponto de venda, tudo é pensado para estimular a compra: iluminação estratégica, comunicação visual clara e corredores temáticos ajudam a reforçar a percepção de vantagem.

A comunicação com o público também evoluiu. Campanhas segmentadas no WhatsApp, no e-mail e nas redes sociais permitem que cada cliente receba ofertas compatíveis com seu perfil. Programas de fidelidade ganharam peso com cashback e benefícios exclusivos, transformando a Black Friday em uma porta de entrada para relacionamentos de longo prazo.

Em 2025, a data deixa de ser apenas uma grande liquidação e se torna um laboratório de tendências, onde tecnologia, comportamento e estratégia comercial definem como – e quanto – o brasileiro vai consumir.