Da Redação

O Brasil acaba de dar um passo histórico na luta contra a dengue. A Anvisa aprovou o uso da Butantan-DV, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan que protege contra a doença com apenas uma aplicação — um marco inédito no mundo. O imunizante deve integrar o Programa Nacional de Imunizações assim que o registro for concluído, com previsão de início da vacinação em 2026. A proteção será, inicialmente, destinada a pessoas entre 12 e 59 anos.

A autorização chega em meio a um cenário alarmante. Em 2024, o país registrou 6,5 milhões de casos prováveis da doença; em 2025, as notificações já passam de 1,6 milhão. A corrida por soluções mais eficazes e acessíveis nunca foi tão urgente.

Mesmo antes do aval oficial, o Butantan trabalhava na frente. O instituto já produziu mais de 1 milhão de doses e firmou uma parceria internacional com a chinesa WuXi para ampliar a escala de fabricação. Com isso, cerca de 30 milhões de doses deverão ser entregues ao PNI no segundo semestre de 2026.

A aprovação se baseia em dados robustos. Após cinco anos de acompanhamento de mais de 16 mil voluntários em 14 estados, a Butantan-DV demonstrou resultados expressivos: 74,7% de eficácia geral, 91,6% de proteção contra casos graves e 100% de prevenção de hospitalizações. Reações adversas foram majoritariamente leves, como dor no local da aplicação e dor de cabeça.

Por reunir os quatro sorotipos do vírus da dengue e exigir apenas uma dose, o imunizante tem potencial para ampliar a cobertura vacinal e simplificar campanhas públicas. A Anvisa também já autorizou novos estudos para avaliar a segurança e eficácia em idosos de 60 a 79 anos, além de analisar dados que podem levar à inclusão de crianças de 2 a 11 anos entre o público-alvo.

Com a aprovação da Butantan-DV, o país ganha um instrumento poderoso para reduzir o impacto da doença e se prepara para estratégias de vacinação mais amplas e eficientes nos próximos anos.