Da Redação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou neste domingo (23) que pretende concluir, ainda em 2024, uma das negociações mais longas da diplomacia brasileira: o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Após participar do G20, ele afirmou que a assinatura está prevista para 20 de dezembro, em Foz do Iguaçu, e que evitará compromissos internacionais até lá.
Segundo o presidente, apenas duas viagens estão no radar para o restante do ano: uma possível ida a Brasília e outra ao Paraná, justamente para selar o acordo. “Eu volto ao Brasil e não devo viajar mais, exceto para Brasília ou Foz do Iguaçu, onde espero assinar o acordo Mercosul–União Europeia no dia 20”, declarou.
A cerimônia deve ocorrer durante a Cúpula dos Líderes do Mercosul, que será realizada no Paraná. O Brasil ocupa atualmente a presidência rotativa do bloco e conduz a fase final das tratativas, que somam mais de duas décadas de debates, revisões e entraves diplomáticos.
O acordo estabelece a criação de uma grande área de livre comércio, eliminando tarifas de importação e abrindo espaço para um fluxo maior de produtos, tecnologias e serviços entre os dois blocos. A expectativa é de que países do Mercosul ganhem competitividade no mercado europeu, especialmente no setor agropecuário, enquanto a Europa amplia as possibilidades de exportação industrial e tecnológica.
Mas, apesar do otimismo de Lula, o consenso dentro da União Europeia ainda não é absoluto. A França tem sido o principal foco de resistência, pressionada por sindicatos agrícolas que temem concorrência de produtos latino-americanos. Essa postura cautelosa já provocou sucessivos adiamentos e exigências adicionais nas negociações.
Em resposta, Lula reforçou que o entendimento é construído com o bloco europeu como um todo — e não com governos isolados. “Eu não estou negociando com a França, estou negociando com a União Europeia”, disse. O presidente garantiu que o texto está pronto e reafirmou que a assinatura ocorrerá no dia 20.
Ele classificou o pacto como o “maior acordo comercial do mundo” e destacou que, após a formalização, ainda será necessário um período de adaptação. Mudanças regulatórias, ajustes produtivos e novas regras comerciais deverão ser implementadas gradualmente por ambos os lados.
Iniciadas em 1999, as negociações do acordo já atravessaram governos, crises econômicas e mudanças de orientação política. No G20, autoridades brasileiras e estrangeiras afirmaram que, desta vez, o processo está na reta final. As declarações de Lula reforçam a expectativa de que o ciclo de conversas, após mais de 20 anos, enfim chegue ao fim.






