Da Redação
Um presente simbólico da China ao Brasil durante a COP30, realizado em Belém, se transformou no centro de uma polêmica inesperada. A obra “Espírito Guardião Dragão-Onça”, criada pela artista Huang Jian, foi idealizada como um tributo à união entre os dois países na defesa da Amazônia e no combate às mudanças climáticas. Porém, ao chegar às redes sociais, acabou recebendo interpretações bem diferentes.
A escultura combina o dragão – figura tradicional na cultura chinesa, vista como sinal de força, sabedoria e renovação – com a onça, símbolo marcante da fauna amazônica e da identidade brasileira. Para a artista, a fusão representaria a complementaridade dos dois povos e o compromisso conjunto com a preservação ambiental.
Mas a leitura não foi unânime. Usuários, especialmente ligados a grupos evangélicos, reagiram com desconfiança ao dragão, associando-o a elementos espirituais negativos. Comentários rejeitando o presente se multiplicaram, criando um forte contraste com a intenção diplomática da obra.
Ao mesmo tempo, especialistas em arte e cultura ressaltaram que o dragão não carrega o mesmo significado no Oriente que no Ocidente e defenderam a peça como um gesto cultural legítimo e respeitoso. Para eles, o símbolo combinado com a onça reforça a ideia de cooperação entre nações com tradições distintas, mas com metas ambientais comuns.
Apesar da explicação da artista, a repercussão deixou evidente que a escultura encontrou resistência em parte do público brasileiro. O presente, que deveria representar aliança e proteção, acabou abrindo espaço para um debate sobre diferenças culturais, interpretações religiosas e o impacto das redes sociais na percepção pública de símbolos e obras de arte.






