A REDAÇÃO
Sandra Regina Ruiz Gomes, conhecida como Sandrão, entrou com um processo contra a Amazon por causa da série “Tremembé”, lançada no mês passado na plataforma de streaming. A ação, protocolada na segunda-feira (17), pede R$ 3 milhões por danos morais, uso indevido de imagem e alegados excessos na liberdade de expressão. O caso está em análise na 1ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, no Tribunal de Justiça de São Paulo. Até a última atualização, a Amazon não havia apresentado defesa e informou, por e-mail, que não comenta processos judiciais. A defesa de Sandrão também não se manifestou.
Segundo os documentos anexados ao processo, Sandrão afirma que a produção apresentou informações falsas sobre sua participação no crime pelo qual foi condenada. Ela foi presa pelo envolvimento no sequestro e assassinato de um adolescente de 14 anos em Mogi das Cruzes, em 2005. Condenada inicialmente a 27 anos de prisão, teve a pena reduzida para 24 anos após recurso. Nos autos, ela sustenta que, na época, foi coagida e ameaçada de morte para fazer ligações exigindo um resgate de R$ 30 mil à família da vítima, que declarou ter apenas R$ 3 mil. Mesmo após o contato, o adolescente foi morto com um tiro na cabeça.
Na série, Sandrão é retratada como a mentora intelectual do crime, o que ela contesta. A ação também menciona uma cena em que ela entrega uma arma a um menor de idade, episódio que, segundo afirma, não aconteceu. Desde o lançamento da produção, Sandrão relata que passou a receber ameaças e represálias na cidade onde vive e afirma que teve sua rotina comprometida. Em regime semiaberto desde 2015, diz que “não consegue sair de casa” desde que a série estreou.
Ela afirma ainda que não foi informada sobre o uso de sua história na produção e que nunca autorizou a reprodução de sua imagem. O valor da indenização foi definido por considerar a Amazon uma empresa multinacional. Este é o primeiro processo movido por alguém retratado em “Tremembé”. A plataforma, segundo informações divulgadas em outubro, teria adotado medidas preventivas durante a produção para evitar ações judiciais, especialmente envolvendo personagens como Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga, que possuem histórico de disputas judiciais relacionadas à exposição de seus casos.
A Amazon contou com assessoria jurídica para orientar roteiristas e evitar excessos na dramatização dos fatos. A empresa também acompanhou casos anteriores que envolveram ações de pessoas retratadas na mídia, como o processo em que Suzane venceu a Globo após contestar a divulgação de um documento sigiloso, e a ação contra a Record, em que ela também saiu vitoriosa após questionar uma reportagem exibida no Domingo Espetacular.






