Da Redação

A Justiça de Goiás determinou a suspensão por 15 dias da ação movida pelo Ministério Público contra a WePink, empresa da influenciadora digital Virginia Fonseca, após uma audiência de conciliação realizada na tarde da última quarta-feira (13). A decisão abre espaço para que as partes negociem um possível acordo, em meio a um cenário de forte pressão pública, denúncias de consumidores e medidas judiciais já impostas anteriormente.

A audiência reuniu o promotor responsável pelo caso e os sócios da marca  acompanhados por seus advogados. Segundo a decisão judicial, foram discutidas cláusulas de um possível Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e as partes solicitaram tempo para “tentar uma composição definitiva”. A juíza Tatianne Marcella Mendes Rosa Borges Mustafa acatou o pedido e determinou o prazo. Caso não haja manifestação após os 15 dias, o Ministério Público deverá ser intimado para dar andamento ao processo.

Até o momento, a defesa da WePink não respondeu aos pedidos de esclarecimento sobre a negociação e sobre eventuais concessões que podem resultar em acordo.

Consumidores x WePink

O processo foi instaurado pela 70ª Promotoria de Justiça de Goiânia, após uma avalanche de reclamações de clientes relatando atrasos prolongados e falta de entrega de produtos comprados no site da marca. O Ministério Público acusa a empresa de propaganda enganosa, além de excluir comentários negativos das redes sociais para ocultar as queixas — conduta considerada uma tentativa de manipulação da percepção pública.

A WePink comercializa cosméticos e perfumes em todo o país, mas, segundo o Procon Goiás, descumpre sistematicamente prazos de entrega e falha no suporte antes e depois da compra. Entre 2024 e 2025, o órgão registrou cerca de 340 reclamações contra a empresa. Há relatos de consumidores que aguardam há mais de seis meses por encomendas; em um dos casos, mesmo após solicitar cancelamento e estorno, a cliente não recebeu retorno.

Os problemas também se refletem nos ambientes digitais. No Reclame Aqui, a WePink acumula 90 mil reclamações em 2024 e mais 30 mil em 2025, números considerados preocupantes para uma empresa de grande visibilidade nacional. Para o MP, essa quantidade revela uma falha estrutural no atendimento e no cumprimento das obrigações contratuais.

Outro ponto determinante citado no processo é que os próprios sócios admitiram, em transmissão ao vivo, ter vendido produtos sem estoque disponível, o que, segundo o Ministério Público, demonstra má-fé contratual e caracteriza publicidade enganosa — já que a empresa continuou comercializando itens mesmo sabendo que não poderia cumprir o prazo de entrega de 14 dias úteis.

Justiça x WePink

WePink
Mesmo com determinação judicial, em viagem à Espanha, a influenciadora continuava realizando promoções. (Imagem: Reprodução/Instagram Virginia Fonseca)
  • Antes da suspensão temporária da ação, a Justiça já havia estabelecido determinações relevantes, como:
  • Implantação de atendimento humano, e não apenas automatizado;
  • Resposta inicial obrigatória em até 24 horas a cada reclamação de consumidor;
  • Suspensão das lives de vendas, até que a empresa comprove possuir estoque suficiente para atender à demanda.

Essas medidas continuam válidas enquanto o processo está paralisado.