Da Redação
Um levantamento recente do Centro de Inteligência Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde trouxe um alerta importante para Goiás: em 2025, quem mais sofreu com formas graves de Influenza foi justamente quem não se vacinou.
Entre janeiro e outubro, o Estado registrou 9.560 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave e 700 mortes. Dentro desse conjunto, 1.868 infecções foram provocadas pelo vírus Influenza. A maior parte delas — 1.454, mais de 77% — atingiu pessoas sem registro de vacinação. O mesmo padrão se repetiu nos óbitos: dos 172 mortos por Influenza, 137 não haviam tomado a vacina.
Para a superintendente de Vigilância em Saúde de Goiânia, Flúvia Amorim, os números reforçam algo que a área técnica repete há anos. Segundo ela, mais de 80% das mortes poderiam ter sido evitadas com a vacina. “Os resultados confirmam o que sempre dizemos: a vacina funciona e é uma ferramenta essencial para evitar hospitalizações e óbitos”, afirmou.
O estudo analisou dados de internados por SRAG em unidades públicas, privadas e filantrópicas, considerando todas as idades. Flúvia explica que a proteção vacinal trouxe impacto real. “Quando imunizamos crianças e pessoas mais vulneráveis, reduzimos drasticamente as chances de evolução grave”, disse.
Redução de casos graves entre grupos vulneráveis
A pesquisa também investigou como a vacinação influenciou a evolução da doença. Entre crianças de 1 a 4 anos, a probabilidade de agravamento caiu cerca de 66% entre os vacinados. Pacientes com doença renal crônica também apresentaram bons resultados, com redução de 62% nos casos graves, além de menor necessidade de UTI ou intubação.
Apesar disso, a cobertura vacinal segue insuficiente. No país, o índice entre grupos prioritários é de 51,23%. Em Goiás, 48,04%. Ao todo, o Estado soma 10.942 registros de SRAG neste ano, especialmente entre menores de 2 anos, idosos e adultos entre 50 e 59 anos — justamente os grupos que mais evoluem para quadros graves.
Das 783 mortes registradas pelo conjunto de causas respiratórias graves, 529 foram de idosos, 81 de adultos de meia-idade e 56 de crianças pequenas. O cenário levou o Governo de Goiás a reforçar a campanha “Vacinar para o Perigo não Voltar”, que intensificou a checagem das cadernetas e aumentou o fluxo de salas de vacinação.
Goiás amplia aplicação de vacinas e tenta recuperar cobertura
O ano de 2025 registrou um salto no número total de doses aplicadas: mais de 5 milhões entre janeiro e outubro, um aumento de 59% em relação ao mesmo período do ano anterior. Vacinas como BCG, DTP, hepatite A e rotavírus tiveram crescimento expressivo na procura, sinalizando um avanço importante — mas ainda insuficiente para alcançar um nível ideal de proteção coletiva.
Para a SES, o estudo deixa um recado claro: reforçar a imunização é o caminho mais eficaz para reduzir internações e evitar mortes por doenças respiratórias. A mensagem de Flúvia resume o diagnóstico: “Vacinar salva vidas. Vacinar é o que impede que doenças evitáveis continuem tirando vidas em Goiás.”






