Da Redação
A eleição para a Assembleia Legislativa de Goiás em 2026 deve acontecer sob um clima de tensão silenciosa, alimentada por um movimento que, nos bastidores, já tem nome e diagnóstico: o “canibalismo eleitoral”. A expressão, usada pelo deputado Gugu Nader (Avante), resume o temor de muitos parlamentares diante das chapas superlotadas que se desenham para o próximo pleito.
Gugu explica o fenômeno de forma direta: quando um partido reúne candidatos demais competindo pelos mesmos votos, a disputa interna se torna tão acirrada que “um acaba devorando o espaço do outro”, reduzindo as chances gerais de vitória. Segundo ele, quanto maior a chapa, maior o risco de fragmentação do voto — e menor a probabilidade de reeleição até para nomes consolidados.
O deputado afirma que a formação das chapas tornou-se um quebra-cabeça na atual legislatura. A quantidade de pessoas dispostas a concorrer diminuiu, enquanto candidatos que perderam em eleições anteriores preferem apoiar quem já ocupa mandato. “O número de postulantes encolheu. E, nos partidos que estão montando chapas, sempre têm dois ou três nomes muito fortes”, comenta. Isso cria barreiras internas e afunila as possibilidades de entrada para novos concorrentes.
No Democratas 35 — sigla que aguarda oficialização do novo nome e da transição do antigo PMB — o cenário não é diferente. Gugu, eleito em 2022 com votação expressiva em Itumbiara, deve dividir espaço com figuras experientes como Veter Martins, Cristóvão Tormin e o ex-prefeito de Trindade, Ricardo Fortunato, que preside o partido no estado.
A meta da legenda é ambiciosa: conquistar quatro cadeiras na Alego. Para isso, Gugu aposta em um desempenho global acima dos 220 mil votos. “Hoje ninguém se elege com menos de 25 mil votos”, afirma. A nova regra do Supremo Tribunal Federal para distribuição das sobras eleitorais — agora acessíveis a todas as siglas, mesmo às que não atingirem o antigo patamar mínimo — fortaleceu especialmente partidos médios e pequenos. Essa mudança, segundo o deputado, explica por que tantos parlamentares têm migrado para legendas menores, onde o cálculo eleitoral é mais favorável e “há mais espaço para crescer”.
Com o desgaste das grandes siglas e a preocupação com chapas superpovoadas, muitos deputados passaram a enxergar partidos menores como refúgios estratégicos. Na visão de Gugu, o Democratas 35 se encaixa nesse grupo: competitivo, porém menos vulnerável à disputa interna predatória.
O deputado encerra a análise com uma metáfora bem-humorada sobre o que espera para 2027. Ele diz que a próxima legislatura será dividida em três “tamanhos”: o “chapão”, formado por gigantes como MDB e União Brasil; a “chapa”, composta por partidos médios como o PRD; e a “chapinha”, onde se encaixa o Democratas 35. O plano, entretanto, é claro — transformar a chapinha em uma força reconhecida e estratégica no tabuleiro político goiano.






