Da Redação

Após meses de estabilidade, a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a oscilar negativamente. De acordo com levantamento Genial/Quaest divulgado nesta quarta-feira (12), metade dos brasileiros (50%) desaprova a gestão petista, enquanto 47% a aprovam. O empate técnico se mantém, mas a inversão da tendência indica um desgaste após o avanço recente da aprovação.

Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, o principal fator por trás dessa reversão é o aumento da preocupação com a segurança pública — tema que ganhou força após a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. “A pauta da segurança interrompeu o breve período de melhora da imagem do governo, especialmente entre os eleitores independentes”, afirmou.

Independentes e classe média puxam queda
O recuo na aprovação é mais evidente entre os eleitores que não se identificam nem com Lula nem com Jair Bolsonaro (PL). Nesse grupo, a desaprovação subiu para 52%, enquanto a aprovação caiu para 43%. Houve também perda de apoio entre mulheres e pessoas com renda acima de cinco salários mínimos.

Entre as mulheres, o governo, que antes tinha leve vantagem, agora enfrenta empate técnico: 51% aprovam e 46% desaprovam. Já na faixa de renda mais alta, a rejeição cresceu e atinge 56%, contra 42% de aprovação.

Educação e religião mantêm contraste
O grau de escolaridade continua a influenciar a percepção sobre o governo. Entre quem possui ensino superior completo, 60% reprovam a gestão, e 38% aprovam. Já entre brasileiros com até o ensino fundamental, Lula mantém vantagem confortável: 55% de aprovação e 40% de desaprovação.

O recorte religioso mostra um cenário semelhante. Entre católicos, os índices estão praticamente empatados (50% x 47%). Já entre evangélicos, o presidente ainda enfrenta forte rejeição — 58% desaprovam e 38% aprovam — embora a diferença tenha diminuído nos últimos meses.

Bolsa Família ainda sustenta apoio
A base mais fiel do presidente segue entre os beneficiários do Bolsa Família: 65% aprovam o governo, contra 32% que o reprovam. Já entre quem não recebe o auxílio, a tendência se inverte — 54% desaprovam e 43% aprovam.

A polarização política também permanece estável: entre eleitores de Lula em 2022, 82% aprovam a atual gestão; entre os de Bolsonaro, 87% desaprovam.

Violência domina as preocupações
A pesquisa apontou ainda um aumento expressivo da preocupação com a violência, que passou de 30% para 38% dos entrevistados. A operação policial no Rio foi aprovada por 67% dos brasileiros, e 57% discordaram da fala de Lula, que chamou a ação de “desastrosa”.

Apesar disso, o encontro recente do presidente com Donald Trump agradou parte do público: 45% afirmaram que o episódio fortaleceu sua imagem internacional.

Avaliação geral e metodologia
No balanço geral, 31% dos entrevistados classificam o governo como positivo, 38% como negativo e 28% como regular. A pesquisa ouviu 2.004 pessoas entre os dias 6 e 9 de novembro, em todo o país, com margem de erro de dois pontos percentuais.

O levantamento mostra que, embora Lula mantenha estabilidade em sua base popular, cresce o desgaste entre eleitores de centro, os mais escolarizados e a classe média — sinal de que o tema da segurança pública volta a ser um ponto sensível para o governo.