Da Redação

Uma nova pesquisa encomendada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e conduzida pelo Instituto Nexus revelou um dado surpreendente sobre o país que se orgulha de ser o “berço do futebol”: 59% dos brasileiros jamais estiveram em um estádio para assistir a uma partida.

Apesar de o futebol ser parte essencial da identidade nacional, o levantamento mostra que a relação da maioria dos torcedores com o esporte se dá à distância — pela televisão ou pela internet. Outros 22% afirmaram que já foram a estádios no passado, mas não frequentam mais, e apenas uma pequena parcela mantém o hábito: 2% assistem a jogos semanalmente, 2% a cada quinze dias, 5% algumas vezes por mês e 10% apenas em ocasiões pontuais.

Na prática, apenas dois em cada dez brasileiros acompanham o futebol das arquibancadas.

O que explica o distanciamento

Entre os entrevistados que nunca foram a um estádio, 41% disseram simplesmente não ter interesse pelo esporte. Já 23% apontaram o medo da violência e a falta de segurança como principal barreira, enquanto 12% citaram o alto custo dos ingressos ou dificuldades financeiras. Outros fatores, como distância, falta de tempo ou transporte, também apareceram nas respostas, mas em menor proporção.

Esses números reforçam uma tendência já percebida nos últimos anos: embora o futebol continue sendo uma paixão nacional, as arquibancadas perderam espaço para as telas. A combinação entre comodidade, transmissão de qualidade e preços mais acessíveis tem mantido o público em casa.

O torcedor do sofá

Se os estádios estão esvaziados, o sofá segue cheio. Quase metade dos brasileiros (47%) afirma assistir a jogos toda semana — seja pela TV aberta, por canais esportivos ou por plataformas de streaming. Dentro desse grupo, 16% acompanham vários jogos por semana, 17% assistem a alguns, e 14% veem ao menos uma partida semanalmente. Por outro lado, 26% dizem não acompanhar futebol de forma alguma.

A nova cara do torcedor brasileiro

A pesquisa, realizada entre 15 e 24 de agosto de 2025 com 2.006 pessoas em todos os estados, aponta para um novo perfil de torcedor: mais conectado, mas menos presente fisicamente. A CBF enxerga nesse cenário um desafio — o de reconquistar o público para os estádios, resgatando o clima único das arquibancadas, onde o futebol é vivido com emoção, canto e pertencimento.

Em um país que respira bola, o dado é um alerta: o amor pelo futebol continua vivo, mas cada vez mais mediado por uma tela.