Da Redação
Um simples exame de sangue pode em breve mudar a forma como o Alzheimer é identificado e tratado. Aprovado recentemente pela FDA (agência regulatória dos Estados Unidos), o novo teste consegue detectar sinais da doença ainda nas fases iniciais, com muito mais facilidade e sem a necessidade de procedimentos invasivos, como punções lombares ou exames de imagem complexos.
Embora ainda não disponível no Brasil, o exame já está em fase de estudo para implementação e pode representar um avanço enorme para milhões de pessoas que convivem com o declínio cognitivo. De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), cerca de 1,2 milhão de brasileiros têm algum tipo de demência — e o Alzheimer é responsável por até 70% desses casos.
A neurologista Dra. Roussiane Gaioso, da Unimed Goiânia, explica que o teste mede a presença das proteínas tau e beta-amiloide no sangue — biomarcadores que indicam alterações cerebrais típicas da doença. “Antes, só era possível detectar essas proteínas por meio de exames caros e invasivos, como o PET scan ou a punção lombar. Agora, conseguimos enxergar o problema de forma mais simples e acessível”, afirma.
Segundo a médica, o novo exame é indicado para pessoas acima de 55 anos com sinais de perda de memória ou dificuldades cognitivas leves. Ele pode revelar o início da doença mesmo antes dos sintomas se tornarem perceptíveis. “Isso muda tudo, porque quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são as chances de retardar o avanço da doença com estímulos cognitivos, exercícios e controle de fatores de risco”, ressalta.
Apesar do entusiasmo, Dra. Roussiane faz uma ressalva: o exame não deve ser usado como triagem em pessoas sem sintomas. “A presença dos biomarcadores não quer dizer que o indivíduo terá Alzheimer. O resultado precisa ser interpretado por um neurologista, dentro do contexto clínico de cada paciente.”
O novo teste não substitui os métodos tradicionais, mas funciona como um complemento estratégico — e, em muitos casos, pode até evitar procedimentos mais invasivos. “Estamos vivendo o começo de uma nova era no diagnóstico do Alzheimer: mais precoce, menos dolorosa e com muito mais acesso”, destaca a neurologista.
Além de permitir intervenções mais eficazes, o diagnóstico antecipado traz benefícios emocionais e práticos. “Saber antes dá ao paciente e à família tempo para se preparar, decidir sobre o tratamento e manter a autonomia por mais tempo”, explica.
Para Dra. Roussiane, o impacto é profundo: “Não se trata apenas de descobrir o Alzheimer mais cedo. Trata-se de cuidar melhor, por mais tempo, e oferecer uma vida com mais qualidade e dignidade a quem enfrenta a doença”.






