Da Redação
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a movimentar os bastidores políticos de Brasília. Após meses de silêncio sobre o tema, ele retomou conversas com lideranças do Centrão e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reacendendo as especulações de que pode trocar uma reeleição no Palácio dos Bandeirantes pela disputa ao Palácio do Planalto em 2026.
De acordo com informações do O Globo, Tarcísio se reuniu recentemente com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e outros nomes influentes da direita. O encontro aconteceu em meio ao impacto da megaoperação policial no Rio de Janeiro, comandada pelo governador Cláudio Castro (PL), que resultou em 121 mortes e reacendeu o debate sobre segurança pública — tema central no discurso bolsonarista.
Pesquisas recentes mostram que a maioria da população apoiou a operação, fortalecendo a narrativa da direita em torno da política de enfrentamento ao crime. Segundo analistas, esse cenário reaqueceu o ânimo dos aliados de Tarcísio, que veem no governador paulista uma alternativa viável à liderança nacional do campo conservador.
Força política e peso eleitoral
Para o historiador e especialista em políticas públicas Tiago Zancopé, o simples fato de Tarcísio governar São Paulo já o coloca em posição privilegiada.
“O Estado de São Paulo concentra o maior número de eleitores e tem o motor econômico do país. Por isso, qualquer governador paulista parte naturalmente com vantagem em uma corrida presidencial”, explica.
No entanto, Zancopé ressalta que a candidatura dependerá da relação de Tarcísio com o clã Bolsonaro. “O apoio do ex-presidente e de seus filhos ainda é uma incógnita. Houve atritos com Eduardo Bolsonaro e é preciso ver se haverá disposição para uma reaproximação”, afirma.
Estratégia e jogo de cena
O especialista em marketing político Luiz Fernandes acredita que a movimentação do governador apenas confirma algo que nunca deixou de existir. “Todo político que diz que não será candidato costuma estar apenas ganhando tempo. Tarcísio sempre teve o Planalto no horizonte”, analisa.
Impacto entre os nomes da direita
A volta de Tarcísio ao centro do tabuleiro complica a vida de outros governadores que também sonham com a Presidência. Nomes como Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG) perdem espaço com a ascensão do paulista.
Na avaliação de Zancopé, o cenário é mais delicado para Ratinho Júnior, que, apesar de alta aprovação no Paraná, enfrenta dificuldades para consolidar um sucessor. “Enquanto Ratinho precisa cuidar da própria base, Caiado está em situação mais confortável, com Daniel Vilela preparado para assumir o governo de Goiás”, observa.
O historiador pondera que a movimentação de Tarcísio traz efeitos mistos para Caiado. “Por um lado, ele ocupa o espaço da direita nacional que Caiado gostaria de liderar. Por outro, ajuda a fortalecer essa pauta no debate público. Se Tarcísio recuar no futuro, Caiado pode herdar esse terreno político já pavimentado.”
Com o termômetro político voltando a subir, Tarcísio de Freitas se mantém no radar nacional — e, para muitos, já começa a medir a temperatura do Planalto.







