Da Redação
O PSD de Goiás atravessa um período de indefinições e tensões internas. Sob a liderança do senador Vanderlan Cardoso, a sigla tenta reorganizar suas bases após o afastamento político de Gustavo Mendanha, ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, que até pouco tempo era o principal articulador do partido junto ao governo estadual. Mendanha já admite que pode deixar a legenda.
“Política é como uma nuvem, muda a todo instante. Continuo no PSD por enquanto, mas se o partido seguir outro caminho, deixarei”, declarou o ex-prefeito em entrevista ao O Hoje, revelando o desconforto com os rumos da sigla.
Apesar do cenário turbulento, aliados de Vanderlan tentam minimizar a crise. “A relação entre eles continua boa. O senador segue ajudando Aparecida e fortalecendo o partido”, afirmam interlocutores próximos. O grupo do senador garante que o PSD está mais estruturado do que nunca, presente em mais de 170 municípios, e projeta crescimento para 2026.
Tensões e possíveis saídas
O mal-estar, contudo, não se restringe a Mendanha. Outras lideranças também demonstram insatisfação com a condução do partido. O ex-deputado Francisco Jr. revelou que está afastado das decisões internas há quatro anos e não descarta deixar o PSD caso a legenda siga em rota diferente da base do governador Ronaldo Caiado (UB) e do vice Daniel Vilela (MDB).
Entre os nomes cotados para deixar o partido estão o deputado federal Ismael Alexandrino — que teria convite do PL — e o deputado estadual Wilde Cambão. Caso essas saídas se confirmem, o núcleo do PSD ficaria restrito a Vanderlan, ao deputado estadual Cairo Salim e ao ex-presidente da sigla, Vilmar Rocha.
Tentativa de reconstrução
Na contramão da debandada, Vanderlan tenta atrair novas lideranças e ampliar a presença regional do partido. Entre os cotados está o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, que poderia compor chapa com Daniel Vilela em 2026 como candidato a vice-governador.
Enquanto isso, o senador mantém foco na própria reeleição. “Vanderlan está firme e conta com apoio de prefeitos e lideranças da base governista”, dizem aliados próximos.
Partido ainda sem direção definida
Fundador do PSD em Goiás, Vilmar Rocha reconhece que o partido passa por um momento de busca por identidade. “A filiação do Mendanha foi positiva, mas precisamos montar chapas fortes para federal e estadual, o que não é simples”, afirmou.
Vilmar também admite o baixo desempenho nas últimas eleições municipais — apenas três prefeituras conquistadas — e defende uma reorganização estrutural. “A força de um partido se mede nas urnas. Precisamos reagir”, avaliou.
Quanto ao futuro, ele adota cautela: “Não pretendo sair, mas tudo pode mudar até abril. Política é movimento.”
Citando o exemplo das eleições de 2022, quando o PSD trocou de candidato ao Senado dias antes da convenção, Vilmar resume o momento atual: “Na política, nada é definitivo. O cenário pode mudar até o último minuto.”







