SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Enviadas especiais da COP30, a primeira-dama Janja (mulheres), Jurema Werneck (igualdade racial e periferias) e Denise Dora (direitos humanos e transição justa) entregaram cartas na Cúpula de Líderes, nesta sexta-feira (7).

Os documentos, resultado de conversas com comunidades locais de todos os biomas, pedia que os negociadores considerassem as soluções já encontradas por mulheres que lidam diariamente com as mudanças climáticas.

“A gente entra no tema da crise climática com esse papo de fim de mundo, mas vimos outra coisa: mulheres que não vão deixar o mundo se acabar de jeito nenhum”, diz Jurema Werneck.

As enviadas entregaram cartas para cerca de 90 líderes na plenária, além do presidente Lula, o presidente da COP, André Corrêa do Lago, e à CEO da COP, Ana Toni. Apesar de originalmente os enviados não terem acesso à sala de reunião entre os líderes, o posto de primeira-dama de Janja ajudou.

“A ideia das cartas e de ir fazer as visitas era trazer para dentro do ambiente da COP as vozes das pessoas que estão muito na ponta”, diz Denise Dora.

Algumas das palavras-chave da carta foram justiça climática e racismo ambiental. As enviadas apresentam ainda pedidos de financiamento direto a comunidades tradicionais e de um arcabouço legal para a preservação dos biomas –com proteção constitucional e legislação internacional.

No Brasil, ambientalistas da caatinga e do cerrado pedem que os biomas sejam reconhecidos como patrimônio nacional na Constituição. O posto é reservado à amazônia, mata atlântica e pantanal.

Além da carta de apresentação, de duas páginas, há outras 6 cartas, uma para cada bioma.

Entre as soluções locais às mudanças climáticas para inspirar “políticas nacionais e transnacionais” citadas, estão a fábrica de gelo sustentável alimentada por energia solar para armazenar pescado nas comunidades isoladas pela seca na amazônia e os telhados verdes produtores de alimentos nas periferias das metrópoles.

“Assim como nos biomas brasileiros, as florestas tropicais, as temperadas, os desertos, as savanas, as geleiras mostram os sinais das mudanças climáticas. Como as pessoas têm reagido a esses fenômenos extremos?”, diz carta que foca na experiência das comunidades locais.

Ao final da cúpula, as enviadas pretendem refazer o percurso em todos os biomas para mostrar o que foi decidido na COP30, se atendeu às demandas das mulheres ouvidas ou se foi, na realidade, algo que não chegou nem perto.