SÃO PAULO, SP (FOLHAPRES) – O público que esperava a récita da ópera “Macbeth”, na noite desta sexta-feira (7), no Theatro Municipal, foi surpreendido por um protesto de membros dos corpos artísticos da casa após o afastamento do contrabaixista Brian Fountain, que criticou, em suas redes sociais, a atual montagem.
Minutos antes dos vídeos que antecedem a apresentação, músicos da Orquestra Sinfônica Municipal -organizados na Associação dos Músicos do Theatro Municipal, a Amithem–, e membros do Coro Lírico -caracterizados como os personagens da noite- e técnicos da casa subiram ao palco.
Todos tampavam suas bocas com as próprias mãos em sinal de protesto, enquanto o baixo Claudo Guimarães, representante do coro, lia um discurso de cerca de dois minutos, repudiando o afastamento de Fountain, criticando a gestão da Sustenidos, gestora do teatro, e defendendo a liberdade de expressão.
O grupo condenou a suposta censura que estaria sendo realizada pela organização social e que vem recebendo uma série de críticas nos últimos tempos por supostas falhas na gestão.
Com direção cênica de Elisa Ohtake e regida pelo maestro Roberto Minczuk, a atual montagem despertou os ânimos desde a sua estreia, na sexta-feira passada (31), quando parte do público vaiou a produção a certa altura.
O caso é mais um capítulo de uma guerra ideológica que foi conflagrada, nos últimos quatro anos, nesse que é um dos palcos mais importantes do país. De um lado, a Sustenidos é acusada de ter direção artística orientada por pautas ligadas à esquerda, envolvendo a busca por mais diversidade e a desconstrução da ópera, da música clássica e da dança contemporânea.
Do outro, vereadores conservadores, aliados a Ricardo Nunes (MDB), se posicionaram contra a gestora, por uma suposta doutrinação ideológica no teatro.
No mês passado, o prefeito Ricardo Nunes pediu a rescisão do contrato da administradora Sustenidos com o teatro. Isso aconteceu após o diretor de elenco do Municipal, Pedro Guida, ter compartilhado um vídeo visto por parte dos espectadores como uma comemoração do assassinato do influenciador trumpista Charlie Kirk.




