SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Universidade Cornell, nos Estados Unidos, anunciou nesta sexta-feira (7) ter chegado a um acordo com o governo de Donald Trump para o restabelecimento imediato de mais de US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhão) em verbas para pesquisas que tinham sido congeladas em abril.

Segundo o reitor da instituição, Michael Kotlikoff, o entendimento prevê o pagamento de US$ 30 milhões (R$ 160 milhões) ao governo e o investimento de outros US$ 30 milhões em pesquisas agrícolas ao longo de três anos para encerrar reivindicações pendentes.

O congelamento dos recursos havia sido imposto sob a justificativa de que a instituição não estava adotando medidas suficientes para conter o antissemitismo em seu campus.

Com o novo acordo, Washington se comprometeu a encerrar todas as investigações iniciadas para apurar eventuais violações por parte da universidade. “O governo também concordou em restaurar as concessões federais, liberar todos os fundos retidos de projetos em andamento e considerar Cornell elegível para novas bolsas e financiamentos, sem qualquer vantagem ou desvantagem”, afirmou Kotlikoff.

O reitor acrescentou que nenhuma investigação concluiu que Cornell tenha violado leis de direitos civis. A universidade, uma das mais prestigiadas do país, está localizada em Ithaca, no estado de Nova York.

A secretária de Educação, Linda McMahon, celebrou o acerto em publicação na plataforma X. Ela escreveu que o caso representa mais uma vitória na campanha para pôr fim às “políticas divisionistas de diversidade, equidade e inclusão”, conhecidas pela sigla em inglês DEI, em universidades americanas.

O congelamento dos recursos ocorreu num contexto de pressão crescente do governo Trump sobre as principais universidades dos EUA, alvos de críticas devido a protestos estudantis pró-Palestina e de políticas de diversidade que o republicano considera discriminatórias. A ofensiva do presidente também tem se estendido a bancos, empresas e escritórios de advocacia com programas voltados à inclusão.

Organizações que atuam com direitos humanos levantaram preocupações relacionadas à liberdade de expressão, privacidade e liberdade acadêmica após a determinação das investigações.

Embora o presidente afirme que as instituições permitiram atos de antissemitismo durante protestos pró-palestinos, manifestantes, incluindo alguns grupos judaicos, afirmam que o governo equipara erroneamente as críticas aos ataques israelense contra a Faixa de Gaza à intolerância e ao extremismo. O governo não anunciou investigações sobre a islamofobia.

Outras instituições de ponta, caso de Harvard e de Columbia, também tiveram verbas congeladas pelo governo. A primeira ainda busca um acordo, enquanto a segunda se comprometeu a pagar mais de US$ 200 milhões (R$ 1,07 bilhão) e a aceitar uma série de exigências, entre elas o monitoramento de departamentos que oferecem cursos sobre o Oriente Médio, para reaver os recursos.