SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os Estados Unidos mataram três pessoas em uma embarcação no mar do Caribe nesta quinta-feira (6), segundo o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, ao anunciar mais um dos ataques que viraram rotina na região nos últimos meses.

Com a nova ofensiva, ao menos 69 pessoas foram mortas pelo governo de Donald Trump. Hegseth foi às redes sociais, como de praxe, para divulgar a ação e afirmar que o barco carregava drogas —acusação feita em todos os ataques anteriores e para a qual Washington ainda não apresentou evidências.

“Os ataques a embarcações de narco-terroristas continuarão até que o envenenamento do povo americano pare. Hoje, por ordem do presidente Trump, o Departamento de Guerra realizou um ataque cinético letal a uma embarcação”, escreveu.

“A embarcação estava traficando narcóticos no Caribe e foi atingida em águas internacionais. Nenhuma força dos EUA foi ferida no ataque, e três narco-terroristas —que estavam a bordo da embarcação— foram mortos.”

Este é o segundo ataque em uma semana. A ofensiva mais recente ocorreu na terça-feira (4), com a morte de duas pessoas.

O direito internacional não permite ataques contra pessoas que não ofereçam perigo iminente a não ser que se tratem de combatentes inimigos em um contexto de conflito armado —do contrário, seria apenas assassinato.

Em nenhum dos casos os suspeitos foram interceptados ou interrogados, e Washington tampouco divulgou provas de que seus alvos estivessem envolvidos com o tráfico de drogas ou representassem uma ameaça aos EUA.

A rota marítima também não é a principal via de tráfico para o país americano —especialistas dizem que o Caribe, onde a maioria dos ataques ocorreu, é responsável por cerca de 10% da cocaína e por uma quantidade irrisória do fentanil que entra na nação.

O mais provável, portanto, é que o presidente dos EUA, Donald Trump, esteja usando o combate às drogas como pretexto para intimidar o líder venezuelano, Nicolás Maduro. Washington afirma que o ditador lidera uma rede de tráfico de drogas chamada Cartel de los Soles, cuja existência é negada por especialistas.

No último domingo (2), o republicano concordou, durante uma entrevista à emissora americana CBS, com a possibilidade de que os dias de Nicolás Maduro à frente da Venezuela estejam contados. O presidente disse duvidar de uma guerra com a Venezuela, mas, ao ser questionado sobre a queda do ditador em um futuro próximo, respondeu: “Eu diria que sim. Acho que sim, sim”.

O esforço militar envolve ainda o envio de caças para Porto Rico e um navio de guerra lança-mísseis para Trinidad e Tobago, que tem se mantido fiel a Washington. Na última sexta-feira (31), o país caribenho, que fica a apenas 12 km da costa venezuelana, colocou seu Exército em alerta e convocou as tropas a retornarem aos quartéis em meio à tensão.

Como resposta, Maduro suspendeu um acordo energético com o país caribenho, que abriga parte dos migrantes venezuelanos e ameaça “a implementação de um exercício de deportação em massa”.