SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ex-presidente da Bolívia, Jeanine Áñez, foi libertada nesta quinta-feira (6) de uma prisão em La Paz, onde esteve detida por mais de quatro anos e meio sob acusação de ter dado um golpe de Estado em 2019. Sua sentença de dez anos de prisão foi anulada na véspera pela Suprema Corte, que determinou sua libertação imediata.
“Jamais houve um golpe de Estado. O que houve foi uma fraude eleitoral que levou todos os bolivianos a reivindicar nosso direito de ter os votos respeitados”, declarou nesta quinta-feira a política de direita ao deixar o presídio feminino de La Paz, enquanto acenava com uma bandeira boliviana ao ser recebida por familiares e apoiadores.
Áñez foi detida em março de 2021 e passou 20 meses em prisão preventiva antes de ser condenada em 2022 a dez anos de reclusão, acusada de ter assumido a Presidência de forma inconstitucional após a renúncia de Evo Morales.
Segundo o presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Romer Saucedo, ela deverá ser submetida a um “julgamento de responsabilidades”, um processo especial reservado a ex-chefes de Estado e que exige autorização do Congresso, em vez de um julgamento penal comum. O Judiciário ordenou sua libertação para que ela possa se defender em relação a esse processo.
A política de direita assumiu a Presidência em meio a uma forte convulsão social impulsionada pela oposição, que acusou Evo de fraudar as eleições para permanecer no poder e o forçou a renunciar em novembro daquele ano.
Dois dias depois da renúncia, Añez chegou ao poder em uma manobra legislativa controversa, uma vez que todos os que estavam na linha de sucessão direta haviam deixado seus cargos.
Após sua posse, seguidores do ex-presidente saíram às ruas e entraram em confronto com forças combinadas do Exército e da Polícia.
Segundo a Defensoria do Povo, a repressão aos protestos deixou 36 mortos, a maioria após a posse de Áñez que governou até 2020, quando foi sucedida pelo esquerdista Luis Arce.
“Jamais vou me arrepender de ter servido à minha pátria”, disse ela com um megafone na porta do centro penitenciário.
A sua libertação vem poucas semanas depois do segundo turno das eleições de outubro na Bolívia, que elegeu Rodrigo Paz, 58, como novo presidente. Com o resultado, o país girou à direita, marcando a primeira eleição em 20 anos sem vitória de um candidato do MAS (Movimento ao Socialismo) partido que teve em Evo Morales sua principal figura e que foi o principal acusador de um golpe orquestrado por Áñez. Paz toma posse neste sábado (8).




